3 meses de PrEP e PEP no metrô de SP: o que mudou com a tecnologia?

Saúde

três meses, o metrô de São Paulo ganhou um reforço na luta contra o HIV com a instalação de máquinas automáticas de distribuição de medicamentos PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição) em algumas de suas estações. A iniciativa faz parte de uma estratégia para ampliar o acesso aos tratamentos preventivos, especialmente para quem sente desconforto em buscar atendimento presencial nos serviços de saúde.

Nesses 90 dias, 539 frascos dos medicamentos foram retirados das máquinas automáticas dispostas pelo metrô de São Paulo, sendo: 192 de PrEP e 98 de PEP, na estação Vila Sônia, e 168 de PrEP e 81 de PEP na estação Luz, segundo informou a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

“Toda retirada é acompanhada também do autoteste para o HIV, que pode ser realizado onde e quando a pessoa quiser. Ele serve, inclusive, como resultado de exame para acessar as profilaxias online”, explicou a secretaria à CNN em nota.

A PrEP e a PEP são métodos preventivos que impedem a infecção pelo HIV ocorra, mesmo se o paciente tiver contato com o vírus.

A PrEP é tomada regularmente antes da exposição ao vírus. Já a PEP é usada após a exposição ao HIV, em casos de relação sexual desprotegida, por exemplo. O tratamento com esta última deve ser iniciado até 42 horas após essa exposição e dura 28 dias. Ambos os tratamentos são recomendados pelas diretrizes de saúde e vêm se mostrando eficazes na redução de novos casos.

Rico Vasconcelos, infectologista e pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) afirma que a iniciativa de fornecer as profilaxias por meio de máquinas facilita o acesso a esses medicamentos, fazendo com que as pessoas se sintam mais à vontade para fazer a retirada.

“O medo da exposição, de julgamento e de estigma, mesmo no serviço de saúde especializado, é tão grande que esse tipo de serviço nas máquinas e o teleatendimento ajudam a derrubar barreiras de acesso à testagem e prevenção do HIV”, defende o médico.

“Acredito que esse é o caminho do futuro e que funciona”, acrescenta.

Esta é a mesma opinião do gerente de vendas Fernando (nome fictício). Como o parceiro dele vive com o vírus HIV, ele faz uso da PrEP para se proteger e diz que se sentia desconfortável ao buscar um posto de saúde fazer a retirada da profilaxia.

“Eu percebia que as pessoas ficavam me olhando. E esse olhar vinha das pessoas que estavam aguardando para pegar algum medicamento, mas também de alguns profissionais de saúde. Apesar de ser um medicamento preventivo, ainda há muito tabu sobre ele”, diz.

No mês passado, Fernando fez a retirada da profilaxia no totem da estação Luz e afirma que o procedimento foi simples.

“É bem rápido e não tive dificuldades em usar a máquina. Achei que os totens facilitam muito a retirada porque não precisamos ir até um posto de saúde, já podemos pegar o medicamento ali, durante a nossa correria do dia a dia”, acrescenta.

Antes de fazer a retirada da PrEP ou da PEP nos totens do metrô, é necessário que o paciente faça uma consulta médica online por meio do sistema SPrEP, disponível no aplicativo e-saúdeSP. Um profissional de saúde emite a receita com um QR code que será lido pela máquina para a liberação do medicamento.

Queda no número de casos de HIV em São Paulo

A capital paulista registrou queda de 54,6% no número de novos casos de infecção por HIV nos últimos sete anos, passando de 3.761 casos em 2016 para 1.705 registros no ano passado. Os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids e Sífilis da Secretaria Municipal da Saúde.

Esse declínio pelo sétimo ano consecutivo foi maior entre jovens de 15 a 29 anos, entre os quais a redução alcançou 57,3%. Em 2023, foram 818 novos casos nessa faixa etária e em 2016, esse índice chegou a 1.917 novas infecções diagnosticadas.

Seguindo essa tendência, a taxa de mortalidade por Aids também registrou queda nos últimos anos. Em 2023, foram registrados 460 óbitos por 100 mil habitantes, 12,9% a menos que em 2022 (528 óbitos) e 44,1% a menos que há dez anos, quando o início da queda foi observado, período em que foram registrados 780 óbitos.

[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/