Nas últimas semanas, apareceram pra mim alguns vídeos no Instagram sobre um tal peeling de fenol. Eu já tinha ouvido falar em peeling, obviamente, e até já fiz alguns pra dar uma renovada na pele, mas esse me deu uma boa assustada. O rosto praticamente desaparece atrás da pele descamada – o que, segundo eu li, leva alguns dias até aparecer o resultado (que também é impressionante, devo dizer).
Se você quer entender mais sobre o procedimento, a CNN conversou com uma dermatologista – só clicar aqui.
Bom, dias depois, saiu a notícia da morte de um empresário aqui em SP depois de fazer esse peeling e, mais uma vez, levantou a discussão sobre os excessos relacionados a procedimentos estéticos.
Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que eu não sou contra eles – muito pelo contrário, inclusive. Cada um sabe onde dói, afinal, como a gente conversou no texto da semana passada, somos todos vítimas de uma sociedade que valoriza um único jeito de existir. Eu mesma já fiz alguns, então seria muito hipócrita de fazer um texto ditando regra. A ideia não é essa.
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O que eu quero promover aqui é uma discussão sobre excesso. Conversei com a Anny Maciel, que é psiquiatra especialista em transtornos alimentares, pra entender quando essa busca por um padrão de beleza pode virar um problema e, segundo ela, isso acontece quando existe um sofrimento.
“O paciente se submete a diversos procedimentos de uma forma quase obsessiva e impulsiva atrás de um resultado que nunca é atingido. Ele se coloca, muitas vezes, em risco de vida, a ponto de não procurar a segurança profissional. Ou seja, ele vai tentando até encontrar alguém que aceite fazer uma cirurgia ou procedimento que não tem a menor indicação.”
A Anny ainda explicou que existem casos em que, por causa dessa insatisfação com a imagem, a pessoa se isola de todo mundo e não consegue manter o emprego e se relacionar com os outros.
“Acho que vale a pena dizer também que essa busca incessante não acontece só em quem tem algum quadro psiquiátrico. Existe uma ditadura da beleza. As redes sociais interferem no nosso grau de satisfação ou insatisfação com a imagem. Tudo isso faz a gente ficar muito mais impulsivo do que a gente ficaria”.
E mais do que isso: muitas vezes, a gente não tá bem e, mesmo assim, tá ali consumindo esse padrão inatingível através das fotos na internet – o que pode levar a mais comportamentos impulsivos que não vão dar o resultado esperado. “Aquele procedimento que você fez no impulso não vai ter resultado, porque você não está bem”, explicou a Anny.
Ou seja, não adianta tentar resolver o que tá acontecendo do lado de fora se o problema tá do lado de dentro. Por isso, é importante cuidar da saúde mental e procurar ajuda caso essa busca por procedimentos vire uma obsessão. Quando isso acontece, o risco é muito maior. Não só os riscos físicos, mas psicológicos também.
A ideia de que a felicidade e a autoestima estão diretamente ligadas à aparência física pode ser uma armadilha perigosa, e essa insatisfação crônica com a própria imagem pode levar a distúrbios como dismorfia corporal, depressão e ansiedade.
Como eu disse no começo, a ideia não é ir contra os procedimentos estéticos – quando realizados de forma consciente e moderada, eles podem ser benéficos e melhorar a autoestima. No entanto, é importante que essa decisão seja tomada de maneira informada e não impulsionada por pressões externas. Consultar profissionais qualificados e ter expectativas realistas são passos fundamentais pra evitar exageros.
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/