Premiê britânico dissolve Parlamento e antecipa eleições para 4 de julho

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O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, recebeu nesta quarta-feira, 22, autorização do rei Charles III para dissolver o Parlamento e antecipou as eleições para o dia 4 de julho – elas só deveriam ocorrer no fim do ano. A decisão pegou de surpresa a oposição e até alguns membros de seu gabinete.
Alguns bons índices econômicos e a aposta em sua política de deportação de imigrantes – criticada por ativistas, mas popular entre os eleitores da direita – parecem estar por trás da decisão de antecipar a eleição, embora o Partido Conservador, de Sunak, esteja muito atrás da oposição trabalhista, segundo pesquisas.
De acordo com pesquisa do instituto Survation, divulgada ontem, os trabalhistas aparecem com 48% das intenções de voto. Os conservadores estão em um distante segundo lugar, com 27%. Uma sondagem do YouGov, de março, prevê uma bancada do Partido Trabalhista de 403 deputados de um total de 650. O partido de Sunak faria apenas 155, uma derrota histórica.
Sunak assumiu o poder no fim de 2022, após o desastroso mandato de Liz Truss, que durou apenas 44 dias, por causa de suas políticas econômicas que abalaram os mercados financeiros. Truss havia sido escolhida pelos membros do partido após Boris Johnson ser destituído por uma série de escândalos.
Os conservadores vivem um momento conturbado. O apoio popular vem minguando constantemente, após 14 anos no poder, durante os quais a legenda vem pulando de crise em crise, incluindo uma recessão econômica após o Brexit, escândalos de ética e uma dança das cadeiras de líderes nos últimos dois anos – período em que o Reino Unido teve quatro premiês.
“Agora é o momento de o Reino Unido escolher seu futuro”, disse Sunak ontem, debaixo de uma chuva torrencial que encharcava seu paletó. “A escolha dos eleitores é construir o futuro que eles fizeram ou correr o risco de voltar à estaca zero.”
Pessimismo
Analistas, líderes da oposição e membros do próprio partido de Sunak concordam que a tarefa do premiê é ingrata. Seu governo padece de uma economia debilitada, uma política tributária impopular e escândalos sucessivos. Os conservadores parecem à deriva, tomados por rixas internas e ameaçados pela ascensão de um partido anti-imigração, o Reform UK – que oscila nos 5% de intenções de voto.
“Os conservadores estão enfrentando um evento de nível de extinção”, afirmou Matthew Goodwin, professor de política da Universidade de Kent, que aconselhou Boris Johnson e outros líderes do partido. “Parece que eles sofrerão uma derrota ainda maior do que a que sofreram para Tony Blair, em 1997.”
Alguns são mais cautelosos e lembram que, em 1992, o primeiro-ministro conservador, John Major, superou um déficit semelhante nas pesquisas para obter uma vitória apertada e permanecer no poder.
Reformulação
Ainda assim, desde que o partido conseguiu uma vitória esmagadora na eleição de 2019, prometendo acelerar o acordo de saída da União Europeia, os governistas perderam o voto dos jovens, dos conservadores tradicionais do sul e do sudoeste da Inglaterra e da classe operária das regiões industriais do norte do país.
O provável sucesso dos trabalhistas também passa pelas mãos de Keir Starmer, ex-procurador que reformulou o partido, expurgando aliados do antigo líder, Jeremy Corbyn, erradicando seu legado de antissemitismo e redirecionando suas políticas econômicas mais para o centro.
“Mudamos o Partido Trabalhista e o colocamos novamente a serviço dos trabalhadores”, afirmou Starmer, em comentários após Sunak anunciar novas eleições. “Juntos, podemos acabar com o caos, virar a página, começar a reconstruir o Reino Unido e mudar nosso país.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

[*] – Fonte: https://www.correio24horas.com.br/