Ex-comandantes do Exército saem em defesa de general acusado de golpismo

Política

Ex-comandantes do Exército, Marco Antonio Freire Gomes e Júlio César Arruda fizeram por escrito testemunhos em defesa do general Estevam Theophilo (na foto acima), investigado por suspeita de participação na trama golpista liderada pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A CNN teve acesso a duas declarações que foram anexadas à ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Teophilo — na época, à frente do Comando de Operações Terrestres (Coter) — seria o responsável por acionar militares das Forças Especiais, os chamados “kids pretos”, para garantir a eventual concretização de um golpe de Estado em favor de Bolsonaro.

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O relatório aponta que Teophilo, integrante o Alto Comando do Exército até novembro de 2023, teria concordado com um golpe desde que Bolsonaro assinasse a medida. O oficial teria se reunido com o ex-presidente no dia 9 de dezembro de 2022, no Palácio do Alvorada, para tratar sobre o suposto golpe.

Comandante do Exército nesse período, o general Freire Gomes, em declaração que frisou ser voluntária, disse que, no período em que Teophilo chefiou o Coter, “sempre esteve voltado inteiramente à atividade militar” e que ele se absteve de “aspectos políticos.”

“Seu assessoramento a este então comandante foi basicamente em aspectos relacionados com as atividades da caserna, abstendo-se de aspectos politicos ou assemelhados. Seu equilibrio emocional e comprometimento, em bem assessorar o Comando do Exército, foram preponderantes para o sucesso das atividades operacionais que ocorreram sem maiores incidentes ao longo do período”, escreveu Freire Gomes em testemunho anexado à ação no início de maio.

Em depoimento prestado à PF em fevereiro, Teophilo disse que foi ao Palácio do Alvorada se reunir com Bolsonaro a pedido de Freire Gomes. Aos investigadores, afirmou ter ido “ouvir lamentações” do ex-presidente.

Por sua vez, o ex-comandante do Exército disse só ter tomado conhecimento desse encontro por meio de uma mensagem de áudio do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Este fato não é mencionado na declaração feita por escrito à PF por Freire Gomes.

O general Arruda, que comandou o Exército entre 30 de dezembro de 2022 a 21 de janeiro de 2023, também elogiou o ex-chefe do Coter no documento anexado ao processo no fim de março.

“Durante esse período em que estive no Comando do EB [Exército Brasileiro], o General Theophilo foi extremamente disciplinado, honesto, leal, franco e camarada comigo. Eu só tenho que agradecê-lo imensamente por ter convivido com ele e sua família por todos esses anos. Fico à disposição para mais algum esclarecimento”, declaração.

Em meio à crise de confiança, general Arruda foi substituído no comando do Exército pelo general Tomás Paiva por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em março, a defesa Teophilo também enviou esclarecimentos complementares do general. Na declaração, antecipada pelo site Universo On-Line e confirmada pela CNN, o ex-chefe do Coter disse que estava em casa assistindo televisão quando começaram os ataques. Teophilo relata ter ligado para o então comandante do Exército, general Arruda, questionando se ele estava vendo. Depois relatou que todos os oficiais generais foram para o Comando Militar do Planalto (CMP).

[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/