Abimaq teme que maior protecionismo pelos EUA eleve importação de máquinas chinesas

Finanças

Reuters

02/12/2024 18h31

Atualizado 2 horas atrás

PublicidadeSão Paulo (Reuters) – O protecionismo norte-americano deve se acirrar no próximo ano com a novo governo do presidente republicano eleito Donald Trump, o que pode aumentar a competição chinesa no setor brasileiro de máquinas e equipamentos, afirmou o presidente-executivo da associação que representa a indústria, Abimaq, José Velloso.“A política restritiva dos Estados Unidos já é um problema porque a China está buscando novos mercados, e entre eles o Brasil. Com o Trump, a gente acredita que isso vai se acirrar”, afirmou o executivo à Reuters nesta segunda-feira, em evento de final de ano da entidade em São Paulo.No setor de máquinas e equipamentos, de janeiro até outubro deste ano, os bens chineses responderam pela maior parcela (31%) das importações realizadas pelo Brasil, crescimento de 5,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados da Abimaq. No mês de outubro, 40% do total importado teve origem da China.Continua depois da publicidadeVelloso comentou que desde a primeira eleição de Trump, os EUA têm intensificado uma política protecionista e acirrado sua guerra comercial com a China, levando o país asiático a buscar novos mercados, incluindo o Brasil.O executivo relembrou as reivindicações do setor siderúrgico por uma maior alíquota de importação para produtos da China, as discussões do setor de varejo, principalmente o têxtil, sobre a gigante chinesa Shein, e a indústria automotiva que agora divide mercado com os automóveis elétricos e híbridos chineses.“Isso vai se acirrar e aí pode aumentar o desvio de comércio da China vindo para o Brasil”, afirmou, embora tenha dito que não acredita que Trump será “tão radical e agressivo” como tem se apresentado nos discursos e ao longo de sua campanha à Presidência.Continua depois da publicidade“Se os Estados Unidos se isolam do México, do Canadá, do Brasil, começam a se isolar do mundo, ele vai fazer o jogo da China. Ele vai pegar esses países em desenvolvimento e vai jogar no colo da China”, disse Velloso, acrescentando que os EUA são o maior parceiro comercial do Brasil em manufaturados.Ele também descartou que os setores econômicos brasileiros dependentes do comércio chinês, como o agronegócio, aceitem qualquer “retaliação” à China semelhante à prometida por Trump.“E nós da indústria de transformação ficamos no meio disso… É um problema que nós vamos ter que lidar nos próximos meses e acompanhar qual vai ser a política externa do Brasil e do Mercosul em relação ao aumento de importações da China.”Continua depois da publicidadeTrump, que garantiu seu retorno à Casa Branca no mês passado, tem dito que irá impor grandes tarifas aos três maiores parceiros comerciais do país — Canadá, México e China — e no último final de semana afirmou que poderá taxar os países-membros do Brics em até 100% caso o grupo não se comprometa a não criar uma moeda comum do bloco de países emergentes ou não apoiar outra moeda que substitua o dólar.“Eu acho que isso não vai acontecer, porque eu acho que os empresários, o setor, o mercado não vai fugir do dólar”, disse o presidente-executivo da Abimaq. “Acho difícil que o empresário brasileiro saia do padrão dólar para um padrão Brics que não sabemos ainda qual é.”
O pacote tinha um valor inicial de US$ 2,6 bilhões e chegou a US$ 56 bilhões no momento em que a juíza o cancelou
“A partir de hoje, estou inclinado a continuar o trabalho que começamos para retornar a política monetária a um cenário mais neutro”, afirmou o dirigente

Reuters

[*] – Fonte: https://www.infomoney.com.br