A história já é conhecida e foi contada aqui neste jornal por este mesmo repórter há alguns anos, mas, pelo que há de inusitado, vale sempre ser relembrada: em 1995, Adelmario Coelho, agora um dos maiores forrozeiros do país, era um anônimo e aplicado funcionário da área de segurança industrial de uma empresa do Polo Petroquímico de Camaçari. Havia gravado um álbum no ano anterior apenas para distribuir aos amigos. Gostou da experiência e, no ano seguinte, resolveu repetir.
Gravou então um novo álbum e esperava ansioso pela entrega dos CDs, mídia física que estava no auge de seu consumo na época. Foi aí que veio a notícia desalentadora: a carreta que transportava os discos sofrera um acidente e os produtos haviam se espalhado pela estrada. As pessoas que passavam por ali disputaram os CDs daquele artista desconhecido e levaram uma cópia para casa.
Eis que dias depois, sem saber por que, Adelmario recebe uma outra notícia: a música Não Fale Mal do Meu País, que ele havia gravado naquele disco vítima do acidente, estava estourada em Porto Seguro, onde a tal carreta havia virado na pista. Meses depois, o cantor descobriu que uma mulher, que tinha levado para casa um daqueles CDs, havia ido a uma estação de rádio da cidade e pediu ao DJ para colocar Não Fale Mal do Meu País na programação.
Não precisou de muito tempo para a canção invadir as pistas da badalada Passarela do Álcool, numa cidade que estava muito mais interessada no axé. Mas àquela altura, não tinha mais jeito: o forró de Adelmario já tinha conquistado o público. E para que fizesse sucesso no resto do Brasil, não demorou muito.
Ninguém sabe como teria sido a carreira dele se não fosse aquele acidente, mas o fato é que o artista nascido em Barro Vermelho, interior da Bahia, está celebrando 30 anos de sucesso agora em 2024. E, para celebrar a data, lançou dois EPs chamados Edição de Aniversário, que já estão nas plataformas de música. Do total de nove músicas, há inéditas e alguns clássicos do repertório do artista.
Entre os compositores dos novos EPs, estão velhos conhecidos de Adelmario, como Nando Cordel, autor na nova Manteiga no Pão e parceiro de Dominguinhos em clássicos como Gostoso Demais e Isso Aqui Tá bom Demais. O forrozeiro baiano prefere concentrar-se na função de intérprete e é compositor apenas esporádico, diz ele próprio:
E como o São João está se aproximando, é hora de comemorar os 30 anos de carreira na estrada. Mas Adelmario diz que, de uns anos para cá, diminuiu o ritmo de shows. “Cheguei a me apresentar quatro vezes num dia. Mas na época, tinha 40 e poucos anos. Hoje, tenho 70! Ano passado, fazia no máximo dois por noite. Agora, pretendo fazer um só”. O cantor diz que praticamente morava dentro de um ônibus, entre os estados de Bahia, Sergipe e Pernambuco. “A saúde ainda me permite fazer muitos shows. Mas a qualidade dos shows precisa estar em primeiro lugar. E, para isso, preciso estar bem”.
Ainda assim, somente em junho, são quase trinta shows agendados nesses três estados. Mas quem quiser já pode curtir o som de Adelmario agora mesmo, em maio: no dia 10, no Armazém Convention, ele canta na mesma noite de Dorgival Dantas e Flavio José. Duas semanas depois, tem o tradicional Forró da AABB, junto com Fulô de Mandacaru e Marquinhos Café.
[*] – Fonte: https://www.correio24horas.com.br/