Água pode mesmo aliviar ou prevenir ressaca? Entenda

Saúde

Famosa por provocar aquela sensação de mal-estar no dia seguinte ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a ressaca se caracteriza por diversos sintomas desagradáveis. Para tentar aliviar ou até mesmo evitar seus efeitos, muitos recorrem a um velho conselho: “beba água para evitar a ressaca”.

Mas será que ele realmente funciona? Entenda a seguir. 

Embora seja uma droga socialmente e legalmente aceita, o álcool traz uma série de prejuízos ao corpo, além dos desconfortos como a ressaca

Como explica o nutrólogo Vinícius Sampaio, a ressaca consiste em um conjunto de sintomas mentais e físicos provocados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. 

Isso acontece, de acordo com o especialista, porque o álcool, quando metabolizado pelo organismo humano, é transformado em um produto chamado acetilaldeido.

“Essa substância é mais tóxica que o etanol e leva horas para ser metabolizada”, explica o nutrólogo. Com essa intoxicação, seus efeitos são diversos, como dor de cabeça, náusea, hipoglicemia, tremores, fadiga e mal-estar.

O grau de intensidade e duração desses sintomas varia conforme o organismo e a quantidade de álcool ingerida.

Como citado anteriormente, o conselho para se manter hidratado durante o consumo de álcool é frequentemente oferecido e acatado com objetivo de que os efeitos da ressaca sejam amenizados ou até mesmo prevenidos. Entretanto, beber água não ajuda a prevenir a ressaca. 

Segundo estudo publicado na revista Alcohol, que revisou 13 trabalhos sobre a relação entre a ressaca e a desidratação, o que se observou é que, embora a ressaca e a desidratação ocorram em paralelo, uma não é a causa da outra. 

Isso significa que beber água não é uma estratégia eficaz para aliviar ou evitar os efeitos da ressaca – mas, sim, da desidratação

Como lembra Sampaio, o álcool tem efeito diurético no corpo. De acordo com o Ministério da Saúde, isso acontece porque o álcool bloqueia o funcionamento do hormônio antidiurético (ADH), responsável por fazer os rins conservarem água e a urina não ser muito diluída. 

Nesse sentido, beber água é recomendado para amenizar os efeitos da desidratação. “Consumir líquidos antes, durante e depois evita e ameniza o desequilíbrio eletrolítico”, diz o nutricionista Guilherme Bacelar. 

Em entrevista ao Ministério da Saúde, o professor Ricardo Lima, da Universidade de Brasília, recomenda que a quantidade consumida de água seja a mesma da de álcool.

Uma vez que a água não se mostra como uma aliada para evitar a ressaca, vale buscar outras estratégias que cumpram essa função. É neste momento que a alimentação ganha destaque.

De acordo com Sampaio e Bacelar, é essencial dar preferência a alimentos leves e evitar o consumo de frituras e gorduras. 

“Eles podem dificultar a digestão e agravar a ressaca”, diz o nutricionista, que aponta o arroz, as massas integrais e os frutos do mar como alguns exemplos de comidas para se evitar.

Por fim, Sampaio reforça que não existe dose segura para o consumo de álcool. “A mínima dose pode causar intoxicação.”

[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/