O segundo ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se resume até agora a um gabinete de crise permanente.
A definição é de um dirigente de um partido da base aliada, para o qual o presidente petista não tem conseguido pautar o país.
A lua de mel do primeiro ano, marcada por vitórias na agenda econômica, acabou de maneira prematura.
A perda de fôlego se deu tanto pelo avanço de uma pauta conservadora no Congresso Nacional como por uma dificuldades em apresentar soluções para problemas nacionais.
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A retomada das vitrines sociais da gestão petista, como o Bolsa Família e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), acabaram ofuscadas pelo aumento da insegurança pública e pela chamada pauta de costumes.
A atividade econômica tem apresentado uma expressiva melhora, com a perspectiva de recuperação do consumo e previsão de elevação do investimento público.
A população, no entanto, não vincula a melhora do ambiente econômico com a atual gestão, o que tem servido de combustível para os partidos de oposição, que têm pautado o país com propostas conservadoras.
Em um curto período, a pauta legislativa foi tomada por propostas de limitação das saidinhas de presos, criminalização da posse de drogas e marco temporal para terras indígenas.
Para os partidos de oposição, não importa se as medidas são inconstitucionais e serão derrubadas pela Suprema Corte. O objetivo tem sido o de manter um estado de paralisia, que tem sido exitoso.
O Palácio do Planalto, desde o início deste ano, tem sido obrigado a atuar de maneira permanente em um gabinete de crise. Com as mãos atadas, sempre está contornando dificuldades, não propondo políticas públicas.
A dificuldade, dizem assessores do governo, era esperada. Não apenas diante do aumento da bancada conservadora, mas também pelo que definem como “cenário de terra arrasada” deixado por Jair Bolsonaro”.
Ainda assim, admitem petistas históricos, o presidente, reconhecido pelo talento político, encontra dificuldades em compreender um cenário de ascensão da direita.
Para eles, enquanto Lula insistir em um modelo antigo de fazer politica, baseado apenas no presidencialismo de coalizão e na reformulação de vitrines eleitorais, a atual gestão seguirá em estagnação.
A solução, avaliam dirigentes partidários, não passa por uma reforma ministerial ou por um enfrentamento ideológico, mas na tentativa de encontrar pautas consensuais que conquistem partidos de centro.
Foi o que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu, por exemplo, com o arcabouço fiscal e com a reforma tributária, pautando o debate nacional.
Além disso, avaliam parlamentares de esquerda, Lula precisa reinventar seu terceiro mandato.
Até o momento, não lançou uma nova pauta positiva com impacto direto na economia, como foi o caso, nos mandatos anteriores, do Bolsa Família, do PAC ou do Minha Casa, Minha Vida.
A impressão é de que a atual gestão se tornou um “museu de grandes novidades”, sem capacidade para nem mesmo empolgar quem votou no petista.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, definiu as recentes derrotas do governo federal como um campeonato de pontos corridos.
Na tabela da competição, a gestão petista ainda tem chances de sair vitoriosa, mas, para isso, o técnico precisa reinventar seu esquema de jogo.
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/