O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu que será ele o maior comunicador de seu governo e, a exemplo desta terça-feira (23), promete reunir e falar abertamente com jornalistas a cada 45 dias.Não é novidade quando um governo mal avaliado, ou aquém das expectativas, coloca a culpa no tal problema da comunicação. A diferença, porém, é como lidar com esse desafio e quais armas utilizar.Lula vestiu a camisa de técnico que entra em campo, tanto na articulação com o Congresso quanto na fala pública à imprensa. No encontro com jornalistas nesta terça, levantou para falar e brincou: “Vou ficar de pé para todo mundo ver minha elegância”. Leia Mais Ao contrário de outros presidentes, e até dele mesmo em outras gestões, neste terceiro mandato, Lula não apostou na figura de um porta-voz, alguém contratado para performar a cara e a voz do governo. Não é ministro, mas vira um canal oficial, muito acessível e com resposta para tudo. Dessa vez, Lula escolheu ser o porta-voz de seu governo, e a demanda para que isso seja concretamente realizado é altíssima. Muitas entrevistas, muito autocontrole, muito planejamento, em meio a já tumultuada agenda de viagens nacionais e internacionais, e claro a maior tarefa de todas: governar o Brasil.A disponibilidade em falar com a imprensa, sem “cercadinhos” de convertidos, deixará o presidente muito mais exposto a escorregões.Contra declarações presidenciais imprecisas, o alerta é dizer “Lula, cuidado com as manchetes”, como entoou o ministro da secretaria de comunicação da presidência, Paulo Pimenta, no café com jornalistas nesta terça-feira. A cada palavra ou frase dúbia, ou polêmica, Pimenta soltava um “olha a manchete!”.Lula chegou a comentar publicamente que “se a gente não quiser manchete negativa, a gente não pode dar pretexto”.Os estudos de comunicação têm como premissa básica dizer que o ato de se comunicar não é necessariamente o que você diz, mas o que é recebido e interpretado pelos outros.
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/