Vamos deixar claro que, quando se trata de Jennifer Lopez, se trata de uma história de amor. Sempre. Amor. Para o melhor ou para o pior.
E então, se lhe dissermos que agora temos J.Lo em Atlas, interpretando uma analista de dados que viaja para um planeta povoado apenas por robôs malignos de inteligência artificial se preparando para extinguir a humanidade… bem, sua pergunta deveria ser: “Onde está a história de amor?”.
Que bom que você perguntou. Porque existe uma. Pode não ser com um humano. Na verdade, pode ser com um programa de computador. Mas existe uma. Porque Atlas, um épico de ficção científica muitas vezes ridículo com diálogos muito cafonas, mas também um coração de ouro humano antiquado, é um filme de J.Lo. Por completo.
Vamos dar algum crédito aos criadores da produção, disponível na Netflix: Atlas, dirigido por Brad Peyton (Terremoto: A Falha de San Andreas), é oportuno porque o assunto é IA – que tem estado nos noticiários ainda mais do que Ben Afflec.
Começamos a história na Terra, no futuro. Uma montagem nos informa que as coisas não estão indo bem para a raça humana. A IA, criada para promover a humanidade, voltou-se contra ela, matando mais de 1 milhão de civis.
O malvado líder da IA é Harlan (Simu Liu) que, após atacar a humanidade, escapou para um local desconhecido, longe da Terra. Mas quando um dos seus associados, Casca, é capturado na Terra, o chefe da ICN, uma coligação de nações que lutam contra a ameaça da IA, pede a Atlas Shepherd (Lopez) para ajudar a interrogá-lo. Quem melhor do que a mulher que dedicou a vida à caça de Harlan?
Ódio
Atlas não é uma pessoa feliz. Além disso, ela é viciada em café – americano, para ser mais preciso. E ela odeia – odeia absolutamente – a IA, por motivos desconhecidos.
De qualquer forma, Atlas habilmente consegue obter a localização de Harlan e Casca, e logo se vê implorando para se juntar a uma missão em seu planeta distante para capturar o vilão-robô, com quem ela compartilha uma misteriosa conexão. A princípio, o comandante da missão, Banks (Sterling K. Brown), se opõe, mas acaba mudando de ideia de forma rápida e ilógica.
Logo eles partem para GR-39, na galáxia de Andrômeda, onde os guardas espaciais do ICN caem em uma armadilha desastrosa preparada por Harlan. É aqui que Atlas conhece a pessoa mais importante do filme – bem, não uma pessoa. É o seu software de IA, que prova ser seu aliado crucial quando Atlas precisa fazer um pouso forçado, em seu traje de batalha mecanizado, no planeta
A questão principal é a construção de confiança. Atlas, como foi dito, não confia na IA. À medida que os dois se conhecem, o software dá a si mesmo (ele tem uma voz masculina “padrão”) um nome: Smith.
O objetivo é encontrar Harlan, derrotar seu plano covarde para destruir a humanidade e sair do planeta. A cada passo, Smith informa a Atlas, com todos os dados à sua disposição, quão desesperadoras são as probabilidades. Isso resulta em algumas brincadeiras divertidas enquanto Smith, dublado por Gregory James Cohan, “aprende” sarcasmo e humor.
Quanto a Atlas, ela precisa aprender a baixar a guarda. A sua desconfiança na IA a leva a recusar (no início) as súplicas de Smith para usar a “ligação neural” – um caminho para os cérebros de cada um -, que aumentará enormemente as hipóteses de sobrevivência de Atlas, combinando a sua capacidade analítica com o acesso aos dados de Smith.
Harlan só aparece na metade do filme e logo aprendemos algo sobre o passado trágico que ele compartilha com Atlas. Em qualquer caso, é Smith, e não Harlan, quem evoca sentimentos reais em Atlas – e dá a Lopez a chance de se emocionar, o que ela faz razoavelmente bem, dado o diálogo medíocre. Você poderia chamar isso de triângulo futurista: Humano, IA ruim, IA boa.
Quem vencerá? Nosso protocolo, como diria Smith, não tem a ver com uma palavra que começa com “A”.
[*] – Fonte: https://www.correio24horas.com.br/