Bullying e assédio: estudo aponta riscos do metaverso para jovens dos EUA

Negócios

O metaverso — ambiente que integra universos virtuais e reais — é cada vez mais comum na rotina de jovens dos Estados Unidos. Cerca de 33% dos adolescentes do país possuíam um dispositivo de realidade virtual, uma das tecnologias de metaverso, e 13% o usavam semanalmente, em março deste ano.

Apesar de representar um avanço tecnológico e permitir experiências ricas em espaços imersivos virtuais, os jovens podem estar mais vulneráveis a riscos diversos ao bem-estar e saúde mental. De acordo com um novo estudo, realizado por pesquisadores da Florida Atlantic University (FAU), em colaboração com a University of Wisconsin-Eau Claire, os adolescentes nos EUA que possuem tecnologias de metaverso estão mais suscetíveis a 12 tipos específicos de danos.

Segundo a pesquisa, publicada na revista New Media & Society, uma porcentagem significativa de jovens relatou ter sofrido várias formas de danos nesses espaços virtuais, incluindo discurso de ódio, bullying, assédio, assédio sexual, aliciamento e exposição indesejada a conteúdo violento ou sexual.

Além disso, meninas relataram mais casos de assédio sexual e comportamento de aliciamento em comparação aos meninos, de acordo com o estudo. No entanto, ambos os gêneros tinham a mesma probabilidade de serem alvos de ataques devido à voz, avatar utilizado no metaverso, raça, religião ou deficiência.

De acordo com os resultados do trabalho, mais de 44% dos jovens que possuem headset de realidade virtual receberam discurso de ódio — 8,9% relatam ter sofrido com a situação “muitas vezes”; 37,6% sofreram bullying; e 35% enfrentaram assédio.

Além disso, quase 19% dos participantes do estudo sofreram assédio sexual; 43,3% lidaram com trolling [comportamento em que uma pessoa, deliberadamente, tenta provocar e irritar outras pessoas no ambiente digital] e 29,5% sofreram ameaças.

O trabalho também descobriu que mais de 18% foram vítimas de doxing [revelação pública de informações pessoais de alguém sem seu consentimento]; e 22,8% foram vítimas de catfishing [criação de uma identidade falsa online para enganar alguém, normalmente para fins românticos].

Por fim, quase 21% enfrentaram conteúdo violento ou sexual indesejado; 18,1% sofreram aliciamento ou comportamento predatório; e 30% foram alvos por fatores como peso, preferência sexual, orientação sexual ou filiação política.

“Certas populações de jovens são desproporcionalmente suscetíveis a danos como aliciamento, especialmente aqueles que sofrem de sofrimento emocional ou problemas de saúde mental, baixa autoestima, relacionamentos parentais ruins e fraca coesão familiar”, afirma Sameer Hinduja, primeiro autor do estudo e professor da Escola de Criminologia e Justiça Criminal da Faculdade de Serviço Social e Justiça Criminal da FAU, em comunicado à imprensa.

“Devido às características únicas dos ambientes do metaverso, os jovens podem precisar de atenção e suporte extras. A natureza imersiva desses espaços pode amplificar experiências e emoções, destacando a importância de recursos personalizados para garantir sua segurança e bem-estar”, acrescenta.

Os pesquisadores também elencaram recomendações de segurança que utilizam metaverso. São elas:

“As preocupações de pais e responsáveis ​​com a realidade virtual geralmente refletem e se alinham com suas ansiedades históricas sobre videogames, uso excessivo de dispositivos, sua natureza sedentária, desenvolvimento cognitivo e perigo de estranhos”, diz Hinduja.

“Ainda há muita promessa com essas novas tecnologias, mas é necessária vigilância quando se trata dos desafios únicos que elas apresentam, bem como das vulnerabilidades únicas que certos usuários jovens podem ter. Como tal, é ‘todos a postos’ para construir um metaverso mais seguro e inclusivo à medida que ele continua a evoluir”, finaliza.

Entenda o que é realidade aumentada

[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/