Câncer de mama: 52% das mulheres subestimam importância da mamografia

Saúde

Um levantamento feito pelo instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) mostra que 52% das mulheres ainda subestimam a importância da mamografia para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Além disso, para 56% das respondentes ainda não está clara a necessidade de passar pelo procedimento caso outros exames, como o ultrassom das mamas, não indiquem alterações.

A pesquisa “A Mulher perante o Câncer“, realizada a pedido da Pfizer, revela que, apesar de as mulheres temerem o câncer, ainda persiste a crença de que o autoexame das mamas é a principal forma de identificar o câncer de mama em estágio inicial. Segundo o levantamento, 54% ainda acreditam que o toque das mamas é o suficiente para detectar suspeitas do câncer em mulheres.

Apesar de o autoexame ser importante para identificar nódulos ou alterações nas mamas, a mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer. O Ministério da Saúde recomenda que o procedimento seja realizado anualmente a partir dos 50 anos, enquanto sociedades médicas — como a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) — recomendam a mamografia anual a partir dos 40 anos, seguindo o protocolo da American Cancer Society.

“Ao fazer a apalpação e não encontrar nada, a mulher pode acreditar que as mamas estão saudáveis e deixar de fazer avaliações de rotina que detectariam um possível tumor precocemente, quando ainda não é possível senti-lo por meio do toque. É importante lembrar que, quando a doença é diagnosticada no estágio inicial, ela é mais fácil de tratar, o que contribui para a redução da mortalidade”, afirma Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.

Além disso, a pesquisa também mostrou que a maioria das mulheres desconhece as recomendações médicas para a realização da mamografia: 33% acreditam que o exame deve ser feito apenas após achados suspeitos em outros testes, enquanto 23% não sabem opinar.

Já 25% estão convictas de que, após um primeiro exame com resultado normal, a mulher estaria liberada para realizar apenas o autoexame em casa, enquanto 27% da amostra não sabe opinar sobre esse assunto.

Para a pesquisa, foram entrevistadas 1.400 mulheres com 20 anos ou mais de idade, moradoras de São Paulo (capital) e das regiões metropolitanas de Belém, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Segundo o levantamento, apenas 39% da amostra de Recife está ciente de que a crença sobre o autoexame ser o principal exame para detectar câncer de mama é equivocada; esse número é de 44% em Belém, 46% para o Distrito Federal e 47% no Rio de Janeiro.

Outro ponto levantado pela pesquisa são os cuidados de saúde das entrevistadas. De acordo com o estudo, apenas 33% das respondentes de 40 a 49 anos disseram ter completado toda a jornada esperada para essa faixa etária em relação ao exame nas mamas: ir ao médico, receber a solicitação de mamografia, passar pelo exame, buscar os resultados e compartilhá-los com o profissional que fez o pedido.

Na análise por extrato social, esse porcentual se mantém baixo tanto entre as mulheres das classes A/B (35%) como no grupo da classe C (24%).

Além disso, no levantamento, 32% das entrevistadas responderam que não visitaram o médico nos últimos 18 meses quando perguntadas se realizaram a mamografia dentro desse período. O recorte por extrato social mostra que esse comportamento é representativo tanto entre as entrevistadas das classes A/B, quanto na classe C (25% e 35%, respectivamente).

O estudo mostrou, ainda, que 20% das participantes entre 40 e 49 anos não recebeu do médico uma solicitação de mamografia nos 18 meses anteriores ao levantamento.

O levantamento também mostrou que ainda existe um desconhecimento sobre os fatores de risco relacionados ao câncer de mama. Para 70% das respondentes, a herança genética interfere mais na probabilidade de desenvolver o tumor do que os hábitos de vida da mulher. No entanto, a literatura médica aponta que apenas 5% a 10% do total de casos de câncer de mama estão associados à genética.

“É preciso reforçar que o câncer de mama é uma doença multifatorial, em que hábitos de vida modificáveis e até mesmo tendências sociais, como a redução no número de filhos, devem ser considerados”, afirma Ribeiro.

A maioria das entrevistadas ainda desconhece a relação entre estilo de vida pouco saudável e câncer de mama: 71% das mulheres ouvidas pelo Ipec não reconhece o consumo de álcool, por exemplo, como um fator de risco para a doença.

Apenas 31% das entrevistadas estão convencidas de que o excesso de peso é um fator de risco para a doença, conforme alertam as autoridades de saúde – esse porcentual é de 27% entre as respondentes mais velhas, com 50 anos ou mais de idade.

Além disso, apenas 11% das respondentes afirmam saber que elementos ligados ao perfil reprodutivo da mulher, como a menopausa tardia (após os 55 anos), também fazem parte dos fatores de risco associados ao câncer de mama. Apenas 9% estão cientes de que ter a primeira menstruação antes dos 12 anos também contribui para elevar o risco.

“A falsa percepção de que ter câncer de mama dependeria apenas da herança genética não só contradiz a literatura médica, como também pode desestimular a tomada de atitudes importantes, capazes de alterar fatores de risco modificáveis. Isso vale não apenas para a ingestão de bebida alcoólica, mas também para a obesidade e o sedentarismo”, comenta Evelyn Lazaridis, diretora médica da área de oncologia da Pfizer Brasil.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/