Cannabis medicinal: médica desvenda 10 mitos sobre seu uso

Saúde

A cannabis medicinal tem ganhado destaque nos últimos anos, mas ainda pairam muitas dúvidas e preconceitos sobre seu uso, apesar do seu grande potencial para melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes.

Compreender os mitos e verdades que cercam a planta é essencial para que mais pessoas possam se beneficiar de seus efeitos positivos. O diálogo aberto e informado é fundamental para desmistificar e promover o uso seguro e eficaz na medicina brasileira.

Neste artigo, vamos esclarecer alguns dos principais mitos e verdades sobre essa planta, que, uma vez indicada por um profissional médico especializado, pode melhorar muito a qualidade de vida de pacientes em vários contextos.

Embora a cannabis e a maconha sejam termos frequentemente usados como sinônimos, a cannabis se refere à planta em geral, enquanto a maconha é uma de suas variedades, geralmente associada ao uso recreativo. A cannabis medicinal é uma forma da planta que é cultivada e processada especificamente para fins medicinais. 

A cannabis é benéfica para uma variedade de condições, não apenas para doenças graves e terminais. No Brasil, ela é usada para tratar dores crônicas, ansiedade, epilepsia, esclerose múltipla, depressão, sequelas de AVC, câncer e, até mesmo, efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia. Muitos pacientes encontram na substância alívio em sintomas que impactam diretamente sua qualidade de vida. 

Quando usada sob supervisão médica, a cannabis é segura e eficaz. No Brasil, médicos prescritores, através de consultas médicas, podem orientar sobre dosagens e formas de uso, minimizando os riscos. É fundamental que o paciente tenha acompanhamento médico para garantir que a terapia seja adequada para suas necessidades. 

Embora algumas pessoas possam desenvolver dependência, a maioria dos usuários de cannabis medicinal não apresenta problemas relacionados ao vício. Estudos indicam que a taxa de dependência é menor do que a observada em outras substâncias, como álcool, cigarros e opioides. 

Há um crescente corpo de evidências científicas que apoiam a eficácia da cannabis no tratamento de diversas condições. Muitos pacientes relatam, em estudos publicados em importantes revistas científicas, melhoras significativas em seus sintomas após iniciar o uso de produtos à base de cannabis. 

Nem todos os produtos de cannabis causam efeitos psicoativos. Existem variedades que são baixas em THC (o componente responsável pelo “alto”) e altas em CBD, que é conhecido por suas propriedades terapêuticas sem os efeitos psicoativos. No Brasil, muitos dos produtos disponíveis são focados no CBD. 

Embora a cannabis medicinal tenha mostrado resultados promissores no tratamento de várias condições, não é uma cura milagrosa para todas as doenças. Como qualquer tratamento médico, sua eficácia pode variar de pessoa para pessoa e depende da condição específica sendo tratada. Médicos prescrevem cannabis medicinal como parte de um plano de tratamento abrangente, muitas vezes em conjunto com outras terapias e medicamentos. 

A regulamentação da cannabis medicinal e a legalização do uso recreativo são questões distintas. No Brasil, como em muitos outros países, a aprovação do uso medicinal não implica necessariamente na liberação e ou legalização do uso recreativo. São debates separados, com considerações legais, sociais e de saúde pública importantes, porém diferentes.  

No Brasil, embora não haja uma especialização requerida, os médicos precisam seguir as regulamentações da ANVISA e do Conselho Federal de Medicina (CFM) para prescrever produtos à base de cannabis. É necessário, portanto, buscar treinamento adicional para se familiarizar com as indicações, dosagens e formas de uso apropriadas, como qualquer medicamento. 

A cobertura de produtos à base de cannabis pelos planos de saúde no Brasil ainda é limitada. Muitos pacientes precisam arcar com os custos do tratamento, que podem ser significativos. Alguns pacientes têm conseguido cobertura através de decisões judiciais, mas isso não é garantido para todos os casos. 

Lembre-se de que o uso deve ser sempre feito sob orientação médica e de acordo com as regulamentações vigentes no país.

*Texto escrito pela especialista em Cannabis medicinal Ionata Smikadi (CRM: 123320-3), membro da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa)

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/