Conheça mulher que luta pelas últimas florestas de ilhas nas Filipinas

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Palawan, um grupo de ilhas nas Filipinas, é de uma beleza deslumbrante. Lar de rios subterrâneos, costas de águas turquesas e picos montanhosos exuberantes, ganhou o título de “última fronteira ecológica” do país.

O paraíso arquipélago não passou despercebido. Toda a área de Palawan, com mais de 1.700 ilhas, foi designada como reserva da biosfera pela Unesco e também abriga dois patrimônios mundiais: o Parque Nacional do Rio Subterrâneo de Puerto-Princesa e os Recifes de Tubbataha.

No entanto, apesar dessas designações, ainda existem ameaças como a mineração, o comércio ilegal de vida selvagem, as mudanças climáticas e o desmatamento. Segundo o Global Forest Watch, Palawan teve a maior perda de cobertura florestal no país entre 2001 e 2023.

A conservacionista Karina May Reyes, que se refere a si mesma como KM, está em uma missão para proteger o arquipélago, com uma pequena equipe de pessoas que formam a organização sem fins lucrativos Centre for Sustainability PH (CS).

“Palawan é super especial porque, da montanha ao recife, você encontra paisagens intocadas — montanhas que ainda mantêm a cobertura original da floresta até recifes de corais que possuem uma biodiversidade incrível, seja de arraias-manta, tubarões-baleia, tubarões-tigre ou tartarugas”, disse ela à CNN.

Ela explica que as florestas tropicais cobriam cerca de 90% das Filipinas, mas agora restam menos de 3% de floresta primária intacta — a maioria delas em Palawan. “Nossa missão é conservar os últimos 3% restantes das reservas intocadas das Filipinas por meio da criação de parques nacionais”, diz ela.

O primeiro projeto da equipe começou em 2014, com foco na Agulha de Cleópatra, uma das montanhas místicas na ilha principal de Palawan, fora da cidade capital da província, Puerto Princesa.

Nomeada devido à pedra natural em forma de obelisco em seu pico mais alto, é uma das florestas mais antigas e diversas de todas as Filipinas e serve como refúgio para espécies endêmicas ameaçadas da ilha, como o calau-de-palawan, o gato-de-jibóia e o pangolim.

Essa área também é o território ancestral da tribo indígena Batak, que depende dos recursos naturais da reserva circundante para sustentar seus meios de subsistência.

“Se não tivéssemos os Batak indígenas ainda aqui na terra, não continuaríamos a ter as florestas que temos. É resultado e bênção da administração deles sobre a área que ainda temos acesso a essas reservas e elas não foram destruídas”, diz Reyes.

Trabalhando em estreita colaboração com o povo Batak, o Centre for Sustainability PH (CS) coletou dados sobre a área, construindo um caso para sua proteção. Em 2017, o trabalho árduo deu frutos: toda a área da Agulha de Cleópatra – mais de 41.000 hectares – foi declarada um habitat crítico

A designação inclui a proibição da extração de minerais, exploração madeireira, mineração e comércio de vida selvagem.

Agora, o foco da equipe se voltou para o Pico do Sultão, uma montanha na metade sul da ilha de Palawan, que ainda não possui proteção formal. Rica em níquel, um componente essencial nas tecnologias de energia limpa, como veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares, a área está ameaçada pela mineração.

“A área que estamos tentando proteger tem cerca de 8.000 hectares de floresta tropical intocada, além de um sistema incrível de bacias hidrográficas, e é completamente inexplorada,” diz Reyes.

A equipe do Centre for Sustainability PH (CS) está trabalhando para documentar a flora e a fauna da região, a fim de justificar sua proteção. Para isso, mobilizaram uma rede de cientistas cidadãos que tiram fotos de plantas e animais, as quais podem ser carregadas em um banco de dados na plataforma iNaturalist, uma ferramenta de código aberto que identifica espécies.

“Estamos construindo um banco de dados sobre a biodiversidade dessa área”, diz Aubrey Jayne Padilla, coordenadora do programa de pesquisa do CS. “A comunidade local está envolvida na compilação dos dados… Nós documentamos tudo que vemos na trilha.”

Reyes espera que consigam proteger a área dentro de três anos. No entanto, mesmo após obter o apoio da comunidade e reunir uma variedade de dados científicos, os desafios permanecem.

“No final das contas, se você não tiver os políticos e tomadores de decisão a bordo, então não haverá ninguém para aprovar essa lei”, diz ela.

Reyes vê parte de seu papel como comunicar o valor mais amplo da área. “Proteger essas áreas é tão importante, não apenas para a biodiversidade, mas também para proteger comunidades vulneráveis das mudanças climáticas”, afirma.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/