Criticar ministro do STF em evento de empresário revela preconceito contra setor privado, diz Barroso

Política

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, rebateu, nesta quinta-feira (1º), as críticas sobre a participação de ministros da Corte em eventos organizados por empresários.

Segundo Barroso, esse tipo atividade não traz problemas éticos para os magistrados. Ele afirmou que criticar a presença de ministros nesses eventos “revela, em grande parte, o preconceito que existe no Brasil contra a iniciativa provada e contra o empreendedorismo”.

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Portanto, a ideia de que a participação em evento onde tenha empresários é um problema ético, é um equívoco

A fala foi feita no começo da sessão do plenário durante a abertura dos trabalhos do Supremo no segundo semestre depois do recesso de julho.

Em sua declaração, Barroso rejeitou a ideia de que a participação dos ministros nos eventos com a presença de empresários possa representar algum conflito de interesses. Segundo o presidente do STF, “geralmente”, há, na mesma atividade, empresários com “interesses conflitantes” na Corte.

“Somos convidados, e aceitamos, a participar, em congressos de advogados. Advogados têm interesse no Supremo. Somos convidados, e aceitamos, participar em congressos do Ministério Público”, declarou.

Ministros visitam comunidades indígenas. Indígenas têm interesses no Supremo. Ministros recebem sindicalistas, parlamentares, representantes de moradores de rua. Todos têm interesse no Supremo

Barroso também se posicionou contra o que chamou de “notícias equivocadas” sobre viagens de ministros e acompanhamento de seguranças.

O magistrado ressaltou que nenhum ministro do STF viaja com despesas pagas pela Corte. “Só o presidente, quando viaja em representação institucional, ou algum ministro indicado pela Presidência para representá-lo”, afirmou. “E menos ainda viajam de primeira classe. Até seria bom, mas o país não comparta que seja assim”.

Sobre o acompanhamento de seguranças em agendas privadas dos ministros, Barroso justificou a medida como um reflexo das mudanças sociais e o aumento das hostilizações contra as autoridades.

O presidente do STF narrou que foi à final da Copa do Mundo de 2014, no Rio de Janeiro, só com a esposa e seus filhos, e que não teve “nenhum tipo de problema”.
“Fui à abertura da Olimpíada de 2016 com o ministro Teori Zavascki, fomos os dois, nenhum segurança, porque eram outros tempos”, disse.

Infelizmente, a vida mudou, e quase todos nós já vivemos momentos difíceis de tentativa de agressão, de hostilidade e, como o mundo mudou, precisamos fornecer segurança aos ministros

Barroso falou que “a agressão aos ministros é uma quebra de institucionalidade”.

Barroso ainda relatou a viagem que fez à China no começo de julho, passando por Pequim e Xangai. Entre os compromissos que cumpriu, esteve uma visita Suprema Corte do país.

Durante a viagem, Barroso também se encontrou com a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do banco dos Brics, com sede em Xangai.

A instituição financeira foi criada no escopo do grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que, a partir de janeiro, contou com mais cinco países.

Segundo Barroso, Dilma “se dispôs” a financiar um projeto de descarbonização do Poder Judiciário brasileiro, com a construção de usinas fotovoltaicas nos tribunais.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/