As investigações em tramitação pelo país que apuram a relação entre candidatos nas eleições deste ano e integrantes de facções serão abastecidas com dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O compartilhamento de informações com o Ministério Público e a Polícia Federal será feito pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), comandada por Mario Sarrubbo.
“A Senasp pode auxiliar os estados com o fornecimento de base de dados de criminosos e faccionados, possibilitando às forças de segurança, em especial na atividade de inteligência, a estabelecer relações de vínculo entre candidatos e organizações criminosas, inclusive em relação a parentes e pessoas próximas”, afirmou Sarrubbo à CNN.
“Trata-se do exercício da atividade de produção do conhecimento de segurança pública que pode antecipar a identificação dessa relação promíscua”, acrescentou.
O enfrentamento às organizações criminosas é uma das prioridades de Mario Sarrubbo à frente da Senasp e do procurador-geral Paulo Gonet no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de seu braço eleitoral.
Sarrubbo e Gonet defendem a integração dos órgãos de investigação, de inteligência financeira e da Justiça Eleitoral. Este foi um dos assuntos tratados pelos dois em uma reunião que aconteceu em março deste ano.
Nesta semana, o Ministério Público Eleitoral emitiu orientação (?) para que os procuradores regionais eleitorais de todo o país busquem parcerias com a PF, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e outros órgãos de investigação para obter informações de inteligência a respeito da infiltração do crime organizado na política.
A orientação foi repassada depois de Gonet ter defendido na última semana que promotores e procuradores eleitorais intensificassem o trabalho em conjunto com os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) nos estados para enfrentar a influência do tráfico e da milícia nas eleições de outubro.
A intenção é que haja o compartilhamento de informações entre os integrantes dos Gaecos, juntamente com promotores e procuradores eleitorais, para impedir que organizações criminosas financiem candidaturas ou atuem para interferir de forma irregular na vontade do eleitor.
A Gonet, os procuradores expressaram preocupação com a proliferação de casos de interferência de milícias e do crime organizado nas disputas eleitorais dos municípios brasileiros.
Um participante da reunião contou à CNN que os promotores foram orientados a redobrar as atenções com candidaturas de políticos ligados a organizações criminosas, seja tráfico ou milícia. A impugnação dessas candidaturas é o objetivo principal.
Uma das medidas cabíveis contra esses candidatos é a instauração de procedimento para apuração de futura Ação de Investigação Judicial Eleitoral, por abuso do poder econômico.
O Ministério Público Federal integra o Núcleo Institucional de Garantia dos Direitos Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criado no final de agosto, com o objetivo de prevenir e apurar práticas criminosas durante o processo eleitoral.
O grupo é responsável por repassar – aos juízes e ao Ministério Público – os dados necessários para a abertura de investigações, de forma prioritária.
Fazem parte do núcleo, o vice-procurador-geral Eleitoral, Alexandre Espinosa, e um representante do TSE, da PF, da Polícia Rodoviária Federal, dos Gaecos, do MP dos estados e da Abin, além de um especialista em segurança institucional.
É crime eleitoral tirar foto da urna? O que é proibido na hora do voto
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/