O Dia das Crianças é comemorado neste sábado (12) e nada melhor do que aproveitar a data para se divertir com a criançada. Tirar um tempinho para se desconectar das redes e das tarefas do dia a dia pode trazer diversos benefícios para o bem-estar e saúde mental, tanto para os adultos, quanto para os pequenos.
De acordo com Marcos Gebara, médico psiquiatra e Presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), brincar é uma forma lúdica para criança desenvolver métodos para lidar com a vida. “Através da leveza e desse aspecto lúdico, a criança vai complexificando os dados que ela recolhe do ambiente e vai formando, vamos dizer, uma consciência cada vez maior”, afirma.
Já para os pais, passar mais tempo com os filhos e participar de brincadeiras pode ser uma oportunidade para transmitir conhecimento à nova geração. “Isso é muito importante, desenvolve tanto as relações afetivas quanto os vínculos que vão se tornar perenes e doravantes. O estabelecimento desse vínculo forte vai permanecer e se tornar cada vez mais produtivo”, acrescenta.
A seguir, o especialista lista quatro benefícios das brincadeiras realizadas entre pais e filhos. Confira:
De acordo com Gebara, as brincadeiras lúdicas ajudam a aumentar o número de conexões sinápticas, ou seja, conexões entre neurônios, além da formação de novas células cerebrais.
“Isso vai construir uma rede neural, chamada conectoma, importante para que a criança possa ter uma neurotransmissão saudável e tenha um sistema nervoso central que funcione adequadamente, de forma adaptativa para a vida”, explica o psiquiatra.
As brincadeiras entre pais e filhos, além de fortalecerem o vínculo familiar e afetivo, também propicia a transmissão de conhecimento e de soluções sobre diferentes aspectos da vida entre uma geração e outra.
“Através de jogos e brincadeiras, as crianças vão desenvolvendo soluções e estratégias que, muitas vezes, podem ser estimuladas pelos pais”, explica Gebara. “Esse convívio gera um benefício monumental para as crianças, porque através da transmissão de conhecimento e da flexibilidade cognitiva dos pais, elas vão aprendendo também”, completa.
Ao fortalecer as conexões entre neurônios, as brincadeiras e a troca de informações com os pais pode ajudar as crianças a ganharem aptidão para enfrentarem desafios da vida.
“O conectoma mais adequado e mais adaptado vai tornar essas crianças mais aptas a viver, além de ajudá-las a ter resiliência para os ataques do ambiente. Ela vai poder reagir muito melhor aos fatores estressores poderosos do meio ambiente”, afirma Gebara.
Brincadeiras que envolvam raciocínio lógico são benéficas para o desenvolvimento cognitivo e intelectual das crianças. “Naqueles jogos em que a criança tem que reagir rapidamente, ela está desenvolvendo o seu raciocínio e a possibilidade de criar alternativas para diversas situações”, explica o psiquiatra.
“Ela cria soluções e, por conseguinte, está produzindo mais sinapse, aumentando o conectoma dela e aumentando a massa de neurônios. Então, isso é importante para a criança ser saudável e bem desenvolvida”, acrescenta.
De acordo com o especialista, todo tipo de brincadeira pode ser benéfica para a criançada. Porém, é importante priorizar atividades ao ar livre que ajudem a mexer o corpo. É o caso de jogar futebol, andar de bicicleta, nadar na piscina, ir à praia e brincadeiras na natureza.
“Isso afasta a criança das telas, o que é muito bom. As telas têm suas vantagens, mas a natureza e a vida ao ar livre é mais saudável e mais interessante”, afirma Gebara.
No entanto, afastar as crianças das tecnologias atuais pode ser desafiador. “A tela é muito atrativa e muito confortável para os pais, porque mantém a criança quieta. Isso é um artifício usado cada vez mais, mas que acaba por prejudicar quando em excesso”, alerta o psiquiatra. “Então, todas as associações pediátricas do mundo inteiro recomendam que, dependendo da faixa etária, você deve ter um horário determinado para passar diante da tela por dia”, orienta.
Para atrair os pequenos para uma “vida fora da tela”, é importante que os pais criem o hábito de sair e viajar com os filhos, de brincar ao ar livre e realizar atividades que envolvam a natureza.
“Não só a brincadeira, mas o esporte também pode ser vivido de forma lúdica e por conseguinte ser análogo à brincadeira”, acrescenta. “É esse ambiente positivo, saudável e atrativo da natureza que faz com que a criança se afaste da tela, naturalmente”, ressalta.
Cartilha orienta como falar sobre saúde mental com crianças
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/