Dieta OMAD: como funciona versão extrema do jejum intermitente?

Saúde

A dieta OMAD (da sigla em inglês para “one meal a day”, que significa “uma refeição por dia”) é uma versão mais restrita e extrema do jejum intermitente. Seu diferencial é limitar o consumo de todas as calorias do dia em uma única e grande refeição, ao invés de apenas reduzir os horários da janela de alimentação.

Em geral, o jejum intermitente é caracterizado por uma estratégia alimentar que consiste em alternar períodos de alimentação com períodos de jejum. Geralmente, ele é feito em um esquema de 16 horas sem comer, com uma janela de oito horas disponíveis para alimentação (chamado método 16/8). No entanto, também existem outras estratégias, como 12/12 (12 horas de jejum e 12 horas de alimentação) ou 20/4 (20 horas de jejum e 4 horas de alimentação).

“Existem várias formas de jejum intermitente e isso tem sido bastante estudado, tanto em animais, quanto em humanos. O OMAD é um tipo de restrição no tempo de alimentação, mas mais extrema, de uma hora de refeição e 23 horas de jejum”, explica Márcio Mancini, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo, à CNN.

Uma pesquisa, publicada na revista científica Frontiers in Physiology, analisou os efeitos dessa estratégia alimentar. Durante metade do estudo, os participantes consumiram todas as calorias do dia em uma única refeição. Depois, eles trocaram a estratégia e passaram a consumir a mesma quantidade de calorias diárias em três refeições no dia.

Os resultados do estudo apontaram que quando os participantes fizeram apenas uma refeição por dia, houve uma maior redução no peso corporal e na massa gorda. No entanto, eles também perderam massa magra (muscular) e reduziram a densidade óssea, o que traz riscos de queda e fraturas.

Mancini explica que, além da perda de peso, a dieta OMAD pode melhorar a síndrome metabólica. “Essa condição é caracterizada por dois dos seguintes componentes: pressão alta, alteração nos triglicérides ou de colesterol, além de alteração da glicemia. Então, esses componentes todos melhoram com o jejum intermitente”, afirma.

No entanto, o endocrinologista ressalta que a dieta precisa ser individualizada. “Não existe uma dieta indicada para determinados casos. A dieta para pessoas que têm obesidade precisa ter alguma restrição calórica, mas isso precisa ser individualizado”, afirma.

Ele ainda enfatiza que o jejum intermitente é eficaz, mas não para todo mundo. “É preciso ver caso a caso, principalmente em um caso tão exagerado como é a OMAD.”

Segundo Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a dieta OMAD é considerada segura e, até mesmo, benéfica para algumas pessoas. No entanto, ela pode oferecer alguns riscos.

“Ela pode acarretar em uma possível hipoglicemia, desregulação do metabolismo da glicose e, inclusive, até uma resposta imunológica um pouco alterada. A segurança, a eficácia varia com base nas condições individuais e, por isso, a implementação dessa dieta tem que ser acompanhada por uma supervisão médica, por especialistas na área de nutrição, principalmente em pessoas que têm alguma condição metabólica pré-existente”, afirma à CNN.

O nutrólogo ressalta que, de fato, a dieta OMAD pode levar à redução do peso corporal, mas que deve ser feita com supervisão médica para manter o equilíbrio nutricional. “Essa pode ser uma dieta muito desafiadora, especialmente se não tiver um planejamento adequado e uma orientação profissional”, enfatiza Ribas Filho.

Segundo Mancini, a dieta OMAD não deve ser aderida por pessoas com problemas cardíacos, hepáticos e renais. “Eles correm o risco de sofrer desidratação e, eventualmente, ter uma queda da glicemia”, explica. “Por exemplo, para pessoas com diabetes que tomam remédios para baixar a glicemia, não é uma boa opção fazer o jejum intermitente, pois aumenta o risco de hipoglicemia”, acrescenta.

Além disso, gestantes e lactantes não devem seguir nenhum tipo de jejum intermitente, de acordo com Ribas Filho. “Sem dúvida alguma, isso poderia interferir diretamente o desenvolvimento fetal e também na produção do leite materno”, ressalta.

Pessoas com histórico de transtorno alimentar também não deve seguir a dieta OMAD, nem nenhum outro tipo de jejum intermitente, segundo o nutrólogo. “Esse tipo de dieta pode exacerbar comportamentos restritivos e, potencialmente, desencadear recaídas em pessoas com histórico de anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar”, alerta.

A prática é contraindicada, ainda, para idosos, pois pode piorar o quadro nutricional e causar complicações de saúde e bem-estar.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/