O dispositivo intrauterino (DIU) é extremamente seguro e eficaz, tem algumas vantagens sobre outros métodos, como as pílulas, e ainda permite que a mulher passe vários anos sem se preocupar com a contracepção. No entanto, muitas acabam descartando essa opção por medo de sentir dor durante a colocação.
O procedimento para inserir o dispositivo é rápido, mas envolve um grau de desconforto que varia muito de mulher para mulher, pois depende da tolerância, de experiências prévias, expectativas e até de condições de saúde mental, como ansiedade e depressão. “Mas a grande maioria consegue suportar as cólicas”, diz a ginecologista e obstetra Rita Sanchez, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Por outro lado, um estudo feito num hospital britânico com 284 mulheres que passaram pelo procedimento com anestesia local mostrou a diferença de percepção entre elas e os médicos: 42% das pacientes reportaram um leve desconforto e 41% consideraram o processo desconfortável; já entre os profissionais de saúde, esses números foram, respectivamente, de 56% e 33%.
O assunto vem ganhando tanta importância que, em agosto de 2024, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos atualizou suas diretrizes, enfatizando a recomendação para que médicos conversem com suas pacientes sobre opções para mitigar a dor e o incômodo.
Se você está em busca de mais informações sobre o método, confira as respostas para algumas das principais dúvidas acerca do tema.
O DIU é um pequeno objeto de plástico em formato de T, com fios na ponta principal. Ao ser inserido no útero, se acomoda na parede do órgão com suas hastes na entrada das trompas, liberando substâncias que impedem a gravidez.
Há dois tipos: não hormonal e hormonal. O primeiro é feito de cobre, material que torna o ambiente hostil para os espermatozoides, e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Já os hormonais contêm progesterona, que altera as condições do útero, impedindo a fecundação. Além disso, o próprio formato dificulta a fertilização do óvulo. Dependendo do modelo, duram entre cinco e 10 anos.
O procedimento pode ser feito em consultório. Com ajuda do espéculo (também conhecido como “bico de pato”), o médico afasta as paredes da vagina. Depois, usa uma espécie de pinça para alinhar e segurar o colo do útero, que é ligeiramente curvo. Essa etapa garante que o DIU será instalado corretamente.
Em seguida, com auxílio de uma sonda, ele mede o tamanho do útero, do colo até o topo. Finalmente, o DIU é inserido por meio de um aplicador. Os fios são cortados de forma que fique uma pontinha sobressalente, que será usada na hora da retirada – isso também só pode ser feito por um médico. O procedimento dura cerca de 30 minutos.
Embora o desconforto seja considerado tolerável, pode causar fortes cólicas e até tontura em alguns casos. Uma pesquisa mostra que mulheres que tiveram parto vaginal sentem menos dor, enquanto as que nunca tiveram filhos sofrem mais.
Mulheres que têm o canal cervical um pouco mais fechado também podem sentir mais incômodo. Nesses casos, é possível internar a paciente e fazer com sedação: demora cerca de uma hora e a mulher recebe alta do hospital no mesmo dia. “Uma avaliação ginecológica prévia pode ajudar na decisão sobre fazer em consultório ou em hospital com anestesia”, diz Rita Sanchez.
Recomenda-se fazer o procedimento durante o ciclo menstrual, no terceiro ou quarto dia, momento em que o canal vaginal e o colo do útero estão mais abertos. Isso também garante que a paciente não está grávida.
É possível tomar um comprimido analgésico no dia ou um anti-inflamatório uma hora antes da colocação, sempre conforme orientação médica. Alguns profissionais utilizam anestésicos em spray ou por infiltração no colo do útero.
O DIU hormonal reduz bastante o sangramento e, em algumas mulheres, chega a suspender totalmente a menstruação. “Por isso, pode ser indicado nos casos em que o fluxo é muito intenso, chegando a provocar anemia”, diz Rita Sanchez.
Esse tipo também pode ser ideal para mulheres na menopausa que fazem terapia de reposição hormonal, pois ajuda a proteger o endométrio da ação dos hormônios. Além disso, pode beneficiar quem tem endometriose.
Já o de cobre só tem a função de evitar a gravidez e pode até aumentar um pouco o fluxo menstrual. Vale lembrar que o DIU não protege contra infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV. Por isso, o uso do preservativo continua essencial.
Mulheres que nunca engravidaram podem usar o DIU, mas é importante uma avaliação por meio de ultrassom para saber o modelo ideal.
O DIU tem eficácia de 99%. “A maioria das falhas ocorre por mal posicionamento, mas visitas periódicas ao ginecologista e avaliação da posição com ultrassom reduzem esse risco”, afirma Sanchez.
Em alguns casos, o DIU hormonal pode provocar um pouco de inchaço e leve ganho de peso. “Isso varia de cada paciente, dependendo do seu perfil hormonal. Mas isso não costuma ocorrer muito, pois a liberação de progesterona é local”, explica a médica. Há raros casos de expulsão do DIU durante uma menstruação com alto fluxo.
Mulheres com quadro de infecção e grávidas não podem colocar o dispositivo. Quem tem histórico de câncer de mama também não deve usar DIU hormonal.
Após a retirada e passado um ciclo menstrual, é possível engravidar normalmente.
DIU hormonal pode causar câncer de mama? Entenda
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/