Uma pessoa intersexo é aquela que nasce com características sexuais — incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas — que não se encaixam nas características binárias de corpos masculinos e femininos. Já uma pessoa transgênero é aquela que não se identifica com o gênero atribuído ao nascimento e está relacionada à experiência individual.
As duas condições ganharam destaque nos últimos dias devido à polêmica envolvendo a boxeadora argelina Imane Khelif. Ela foi autorizada a participar dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 mesmo após ser reprovada no teste de gênero em 2023 por apresentar anomalias nos níveis de testosterona nos exames.
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Nas redes sociais, o debate sobre a atleta ser uma pessoa intersexo ou transgênero ganhou ainda mais força após a autora britânica J. K. Rowling e o bilionário Elon Musk expressaram oposição à sua competição na Olimpíada.
Uma pessoa intersexo é aquela que nasce com características sexuais físicas ou anatômicas que se diferem do padrão típico de corpos femininos e masculinos. Ou seja, ela pode apresentar genitais, padrões cromossômicos e glândulas, como testículos e ovários, que não se enquadram nesse contexto binário.
“A formação da genitália acontece ainda na vida intrauterina, até a 12ª semana de vida, e é remediada não só por cromossomos, mas pela ação de hormônios, de receptores desses hormônios e pela diferenciação esperada da gônada”, explica Sérgio Okano, médico sexologista, ginecologista e obstetra, à CNN.
“Nesse sentido, pessoas intersexo são aquelas que nasceram com a genitália que não é típica do que se esperaria para o feminino ou masculino”, completa.
De acordo com Emmanuel Nasser, médico ginecologista e obstetra, existem centenas de variantes intersexos e, por isso, a condição pode se apresentar de diferentes formas. “As variantes podem se manifestar como alterações na anatomia da genitália externa, ou na formação dos órgãos pélvicos (como útero e ovários), ou na forma que o nosso corpo reage aos hormônios masculinos e femininos”, explica.
“Existe uma variedade tão vasta que existem pessoas que morrem sem saberem que são intersexo”, completa.
Por isso, o termo intersexo pode ser descrito como um “guarda-chuva” com espectros.
Nesse contexto, pessoas com variações intersexuais podem usar uma variedade de termos diferentes, incluindo ser intersexo, ter uma variação ou condição intersexo, ter uma variação inata de características sexuais ou nomear traços específicos. De maneira geral, o termo médico-científico para o intersexo é “distúrbios de diferenciação sexual” (DDS).
Além disso, segundo a Intersex Human Rights, as pessoas intersexo não compartilham uma identidade, sendo uma população diversificada. As pessoas intersexuais podem ser heterossexuais ou não, cisgênero — que consiste em identificar-se com o gênero atribuído no nascimento — ou não.
Uma pessoa transgênero é aquela que não se identifica com o gênero atribuído a elas no nascimento. Por exemplo, uma pessoa que foi designada como homem ao nascer — por ter nascido com o sexo biológico masculino — mas que se identifica como mulher, é uma mulher trans.
Já uma pessoa que foi designada como uma mulher ao nascer, mas que se identifica como homem, é um homem trans.
Diferentemente da pessoa intersexual, ser uma pessoa trans não diz respeito a suas características físicas, sexuais ou padrões cromossômicos, e sim, à forma como ela se identifica em relação ao seu gênero.
“A identidade trans é autodeterminada pelo indivíduo. A construção da identidade de gênero trans é majoritariamente social e histórica”, afirma Nasser.
Uma pessoa transexual pode ou não passar por intervenções médicas para alinhar características físicas à sua identidade de gênero. Além disso, ela pode ser heterossexual ou não.
Entenda o que é ser uma pessoa intersexo, como Karen Bachini
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/