Fortalecer as pernas reduz risco de artrose no joelho, mostra estudo

Saúde

Um estudo publicado em abril na revista JAMA Network Open mostrou que é possível retardar a progressão da osteoartrite — ou artrose — de joelho ou possivelmente eliminar seu desenvolvimento ao fortalecer os músculos das pernas.

A osteoartrite de joelho é uma doença crônica e caracterizada pela dor, rigidez e perda da função da articulação. Muitas vezes, a substituição total do joelho é indicada para proporcionar maior qualidade de vida e melhorar a mobilidade dos pacientes com a condição.

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De acordo com um estudo publicado em agosto de 2023 na revista Experimental and Therapeutic Medicine, a  osteoartrite do joelho é considerada uma condição com alta taxa de morbidade e incapacidade. Os mais propensos a desenvolver essa condição dolorosa incluem idosos, mulheres, pessoas com sobrepeso e aqueles que participaram de certos esportes, como futebol, tênis e corrida de longa distância. Seus genes e lesões anteriores no joelho também podem desempenhar um papel.

Após realizar uma meta-análise com dados obtidos de 5.003 pacientes na Holanda, os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre a atividade física total de uma pessoa e o aumento do risco de osteoartrite do joelho. Em seguida, os pesquisadores dividiram os pacientes em dois grupos — aqueles cuja atividade física vinha de atividades sem sustentação de peso, como natação e ciclismo, e aqueles cuja atividade física vinha de esportes com sustentação de peso, como caminhada e corrida.

Aqui, a equipe descobriu que as pessoas envolvidas em atividades físicas recreativas com sustentação de peso estavam em maior risco de desenvolver osteoartrite do joelho se tivessem baixos níveis de massa muscular nos membros inferiores.

“Depois de ver que apenas os esportes com sustentação de peso aumentavam o risco de osteoartrite do joelho, investigamos se o desenvolvimento da doença dependia da quantidade de músculo ao redor da articulação”, disse a coautora do estudo, Joyce van Meurs, professora de genômica populacional em doenças musculoesqueléticas no Erasmus Medical Center, em Roterdã, na Holanda.

Como uma maior massa muscular pode proteger e amortecer o joelho contra forças mecânicas dentro da articulação, os pesquisadores esperavam que aqueles com músculos mais fortes tivessem melhores resultados do que aqueles com músculos mais fracos.

“Foi exatamente isso que vimos”, afirma van Meurs. “Quando as pessoas tinham maior massa muscular, o risco aumentado de desenvolver osteoartrite a partir de esportes com sustentação de peso não estava presente.”

Essa descoberta é empolgante, segundo Kathryn Miller, professora associada de medicina interna da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, em Madison.

“Sempre tivemos essa ideia de que a massa muscular importa e ajuda a proteger as articulações”, afirma Miller, que não esteve envolvida no estudo. “Agora aqui está um estudo que começa a construir a ideia de que a massa muscular é importante para a função e também para possivelmente diminuir o risco de desenvolver osteoartrite.”

Embora as descobertas do estudo sejam importantes, ainda há mais a aprender, aponta van Meurs. Por exemplo, os cientistas sabem que o peso é o maior fator de risco para o desenvolvimento de osteoartrite do joelho. Os dados que van Meurs e seus colegas estudaram vieram de pessoas com um índice de massa corporal médio de 26.

Um IMC de 26 é ligeiramente acima de um nível saudável, mas inferior ao IMC médio das pessoas nos Estados Unidos. Os achados do estudo podem ser extrapolados para aqueles considerados com sobrepeso ou obesidade?

“Não temos certeza absoluta”, afirma van Meurs. “(Um alto) IMC é um grande fator de risco para o desenvolvimento de osteoartrite do joelho. Se for tão dominante, talvez o restante da associação não seja o mesmo.”

Miller concordou. “Quanto maior o seu IMC, maior o estresse que você coloca nas suas articulações, especialmente quando envolvido em atividades com sustentação de peso”, completa Miller. “Talvez as pessoas com IMCs mais altos precisem de ainda mais massa muscular nos membros inferiores do que aquelas com IMCs mais baixos.”

Outro grande estudo em andamento no Erasmus Medical Center está tentando determinar se os médicos podem personalizar seus conselhos para os pacientes com base na massa muscular, peso e movimento articular de um paciente.

“Estamos estudando quanto as pessoas podem carregar na articulação, com base nesses fatores”, disse van Meurs, observando que muitos pacientes com dor no joelho perguntam aos seus médicos se é seguro continuar participando de suas atividades favoritas. Atualmente, não há uma resposta definitiva.

Apesar dessas incertezas, o estudo oferece algumas lições valiosas. “Antes de se envolver em muita atividade com sustentação de peso, faça alguns treinamentos na academia para fortalecer os músculos das pernas”, afirma van Meurs. E se você vai começar uma atividade com sustentação de peso, como corrida, comece devagar.

“Não são apenas os músculos, mas também os tendões que precisam se acostumar com esses novos estresses, ou você se machucará imediatamente”, completa.

Miller disse que aconselha seus pacientes a manterem um peso corporal saudável e continuarem se exercitando. “E se você descobrir que tem osteoartrite, não pare suas atividades”, acrescenta. “As pessoas sedentárias têm menor saúde das articulações e massa muscular e correm um grande risco de desenvolver osteoartrite sintomática.”

Então, faça uma caminhada, faça alguns agachamentos encostado na parede, ou sente-se em uma cadeira e levante-se 10 vezes sem usar os braços para se empurrar para cima, afirma Miller. Apenas continue se movendo.

“Nossa regra para pacientes com osteoartrite é que, se você tiver um leve desconforto com uma atividade, mas ele desaparecer rapidamente, está tudo bem”, acrescenta Miller. “Mas se uma atividade lhe causar uma dor mais intensa e não melhorar no dia seguinte, pode ser demais para a sua articulação no momento.”

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Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/