Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, conseguiram reconstruir digitalmente a mandíbula de espécies precursoras dos mamíferos, a partir de fósseis brasileiros de Brasilodon quadrangularis e Riograndia guaibensis. As descobertas, publicadas na renomada revista científica Nature nesta quarta-feira (25), foram importantes para revelar experimentos evolutivos que ocorreram milhões de anos antes do que se pensava anteriormente.
Os mamíferos se destacam entre os vertebrados por possuírem estrutura distinta de mandíbula e pela presença de três ossos do ouvido médio. O processo evolutivo que levou ao desenvolvimento dessas características há muito tempo fascina cientistas e, agora, com o novo estudo, foi possível entender como os ancestrais mamíferos, conhecidos como cinodontes, desenvolveram dois ossos a mais do ouvido médio do que os vertebrados anteriores a eles.
Por meio de tomografia computadorizada, os pesquisadores reconstruíram digitalmente a articulação da mandíbula desses cinodontes pela primeira vez. Eles descobriram que há uma ligação típica dos mamíferos entre o crânio e a mandíbula inferior em Riograndia guaibensis, uma espécie de cinodonte que viveu 17 milhões de anos antes da espécie mais antiga conhecida por ter essa estrutura.
No entanto, os pesquisadores não encontraram a mesma ligação em um Brasilodon quadrangularis, uma espécie mais intimamente relacionada aos mamíferos. Isso indica que a característica definidora da mandíbula dos mamíferos evoluiu várias vezes em diferentes grupos de cinodontes, antes do esperado.
Essas descobertas sugerem que os ancestrais mamíferos experimentaram diferentes funções da mandíbula, levando à evolução de “características mamíferas” independentemente em várias linhagens. As novidades indicam que a evolução dos mamíferos pode ter sido mais complexa e variada do que os cientistas acreditavam anteriormente.
“A aquisição do contato da mandíbula dos mamíferos foi um momento-chave na evolução dos mamíferos”, explica o autor principal do estudo, James Rawson, da Escola de Ciências da Terra de Bristol. “O que esses novos fósseis brasileiros mostraram é que diferentes grupos de cinodontes estavam experimentando vários tipos de articulações mandibulares, e que algumas características antes consideradas exclusivamente mamíferas evoluíram inúmeras vezes em outras linhagens também.”
“Em nenhum outro lugar do mundo há uma gama tão diversa de formas de cinodontes, intimamente relacionadas aos primeiros mamíferos”, acrescenta a professora Marina Soares, do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ).
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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/