Gominhas de vitaminas “mágicas” ajudam no crescimento capilar?

Saúde

De tempos em tempos, gominhas coloridas, cheirosas e, muitas vezes, em formatos fofos – como ursinhos, corações e beijos – ganham espaço nas redes sociais com a promessa de acelerar o crescimento capilar.

Com valores que giram em torno de R$ 200, o produto nada mais é que suplemento vitamínico comercializado com a aparência de uma bala. Mas, será mesmo que o seu consumo é eficaz?

“Depende de cada caso”, é o que explica o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, à CNN. “As gominhas podem ser eficazes em situações onde há deficiências nutricionais específicas, como baixos níveis de biotina, ferro ou vitamina D, que impactam diretamente na saúde capilar”, conta.

Entretanto, segundo o profissional, para pessoas sem carências identificadas, seu consumo isolado dificilmente trará benefícios significativos no crescimento dos fios.

Considerando que parte dos produtos trazem, em sua composição, vitaminas A, C, D, biotina e colágeno, é necessário ficar atento aos riscos de consumo sem indicação especializada.

“Principalmente no caso de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina A, que podem se acumular no organismo e causar toxicidade. A biotina, embora segura na maioria dos casos, pode interferir em exames laboratoriais. Mesmo o colágeno, que é geralmente seguro, só terá impacto positivo se inserido em um contexto de dieta equilibrada”, reforça Lucas.

Já o biomédico Thiago Martins, acrescenta que a abundância de vitaminas pode prejudicar a absorção e o equilíbrio de outros nutrientes necessários ao organismo.

“Por exemplo, o excesso de zinco pode competir com o ferro, reduzindo sua biodisponibilidade. A superdosagem de vitamina A, além de ser tóxica, pode desencadear efeitos colaterais como ressecamento do couro cabeludo. Já a vitamina C, embora eliminada pelo organismo em excesso, pode causar desconfortos gastrointestinais”, diz à CNN.

Outro ponto de atenção se dá com o uso por pacientes diagnosticadas com diabetes, por exemplo. “A cautela de consumo se faz necessária pela dosagem de açúcar na composição, uma vez que pode desestabilizar os níveis glicêmicos. Hoje, existem versões sem açúcar no mercado, que são alternativas mais seguras, mas, ainda assim, é essencial a consulta médica, avaliando a compatibilidade com o plano alimentar e medicamentos”, conta.

Várias são as causas que resultam na deficiência capilar. Entre elas: falta de ferro, zinco ou proteínas. Além disso, alterações hormonais, como as relacionadas ao hipotireoidismo ou à síndrome dos ovários policísticos, também afetam diretamente os ciclos capilares.

“Fatores genéticos e condições do couro cabeludo, como dermatite seborreica ou alopecia, podem limitar o crescimento. Estresse físico ou emocional, que impacta o ciclo de vida do cabelo, está frequentemente associado à lentidão ou interrupção do crescimento”, entrega o dermatologista Lucas.

Conforme conta o biomédico, a queda capilar é considerada excessiva quando ultrapassa a média de 100 fios por dia ou, ainda, quando há sinais visíveis de rarefação no couro cabeludo, como afinamento generalizado ou surgimento de falhas. Também é necessário considerar fios que podem surgir fios no travesseiro, no chão ou em grande quantidade durante o processo de lavagem.

“Os cuidados incluem uma avaliação dermatológica para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado, que pode incluir o uso de produtos tópicos como minoxidil, medicações orais específicas, suplementação nutricional e ajustes na dieta. Em casos mais graves, tratamentos avançados como laser capilar ou microinfusão de medicamentos podem ser indicados”, conclui Thiago.

[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/