Gravidez aos 40 anos: entenda cuidados que a maternidade exige

Saúde

Nesta semana, a notícia da terceira gravidez da modelo Gisele Bündchen, 44, fruto de seu namoro com o instrutor de jiu-jitsu Joaquim Valente, 35, resgatou um antigo debate entre os internautas: a gestação após 40 anos.

Diante das dúvidas que cercam o assunto, o ginecologista obstetra Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana, comenta, à CNN, que esse crescente número de mulheres engravidando mais tarde segue uma série de razões sociais, incluindo, por exemplo, a ascensão profissional e estabilidade financeira.

“A idade média para a primeira gestação no país aumentou nos últimos 20 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a idade média das pacientes que fazem tratamento de reprodução assistida é de 38 anos”, conta.

Já o ginecologista Igor Padovesi, especialista em menopausa, também acrescenta o avanço da medicina reprodutiva. “É importante deixar claro que, quase a totalidade desses casos engravida de forma não natural, mas com técnicas de reprodução assistida, com óvulos próprios ou de doadora”, afirma.

Segundo ele, a chance de gravidez pelo método tradicional começa a reduzir com 30 anos. “A mulher passa a perder fertilidade aproximadamente depois dos 35. Isso começa a acontecer expressivamente a cada ano. Então, dos 35 aos 40, despencam as taxas de fertilidade, aumentando os riscos, principalmente de um aborto espontâneo“, garante.

Padovesi conta que, resumidamente, para além do método natural, existem as técnicas de fertilização assistida, sendo a inseminação artificial a mais conhecida na indústria médica.

“Inseminação artificial é uma técnica mais simples, considerada de baixa complexidade, em que se prepara a mulher durante o ciclo menstrual, podendo oferecer medicações para a paciente ovular mais vezes, e o sêmen preparado e inseminado, garantindo que a fecundação aconteça de forma espontânea”, detalha.

O processo, no entanto, é diferente da fertilização in vitro que, como o próprio nome sugere, é feita em laboratório. “O processo consiste em captar os óvulos da mulher, colher o sêmen do parceiro e fazer a fecundação. E aí é gerado o embrião em laboratório, mantido numa cultura até, aproximadamente, o quarto e quinto dia, mais ou menos. Ele, depois já formado, é transferido para implantar no útero”, adiciona.

Conforme explica Rodrigo Rosa, o grande desafio na gestação após os 40 anos – quando se fala em gestação espontânea – é o aumento do risco de síndromes cromossômicas, que tem, como uma das consequências, a chance de um aborto espontâneo no primeiro trimestre.

“Então, aos 40 anos, 40% das mulheres vão ter um aborto no primeiro trimestre. Também tem maior risco de pré-eclampsia, de prematuridade, diabetes gestacional e o risco de nascer um bebê com síndrome de Down“, entrega.

Igor e Rodrigo concordam que, entre os principais cuidados exigidos ao longo desta gestação, está o acompanhamento mais especializado, considerando que é pré-natal de alto risco. “É preciso estar atento a riscos como hipertensão, diabetes, restrição de crescimento do feto e risco de prematuridade. Tudo precisa ser acompanhado mais de perto, mas, de modo geral, a maioria das gestações nessa fase transcorre bem, sem grandes problemas”, diz Padovesi.

Rodrigo também acrescenta um controle de peso, da pressão arterial e a adoção de uma dieta o mais balanceada possível. “Além disso, é indicado fazer um rastreamento de exames para detectar malformações fetais e também as condições biológicas como controle da tireoide, da glicemia e outros controles metabólicos e ter sempre um pré-natal com um cuidado personalizado”, conclui.

Para além da celebração, muitos internautas questionaram se, por acaso, a nova gestação de Gisele se enquadraria na chamada “gravidez geriátrica” ou “gestante idosa”. Apesar de completamente impróprio, os termos, segundo Igor, dizem respeito às gravidezes a partir dos 35 anos.

“Hoje, isso é considerado completamente inadequado. Mas, sim, a Gisele se enquadraria, uma vez que as mulheres, no passado, engravidavam muito mais cedo, e hoje esse cenário mudou. No entanto, os pontos de atenção são os mesmos da gravidez tardia”, finaliza.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/