Mais do mesmo e a condenação de viver o personagem – Mundo Gump

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Esse fim de semana foi a data do famoso Show da Madonna. O Rio estava um saco, só se falava nisso e o frisson da expectativa do mega show tomava conta das rádios, jornais, revistas e conversas de elevador.

O Show, que rolou na praia de Copacabana foi a quarta apresentação da Madonna no Brasil. Segundo dizem, esse show aqui no Brasil foi o último da então “Celebration Tour” uma turnê gigantesca com tudo superlativo que ela fez foram mais de 80 shows tocou em mais de 15 países ela queria um final apoteótico mesmo para essa turnê ela não tava muito contente com o show do México que tinha sido o penúltimo e ela queria encerrar a turnê para render notícias e marcar história. Talvez isso explique os rumores de que ela mesma investiu dinheiro do próprio bolso, juntamente com mais uma fortuna que a Prefeitura do Rio de Janeiro o Governo do Estado, a cervejaria Hineken e o Itaú investiram também para fazer um show ali para cerca de 1.6 milhão e meio de pessoas na praia.

O cache dela foi de 60 milhões. O Governo do estado botou 10 milhões e a prefeitura outros dez.

Eu não fui no Show, porque não amo a Madonna a esse ponto, apesar de gostar muito das musicas que estou sempre ouvindo. Preferi ver pela Tv e não ter problemas com multidão (Pq tenho uma certa agonia de multidões. Já falei isso em outros posts aqui.) e prezo pelo meu celular, hehehehe.

facas usadas por marginais para assaltar, apreendidas pela segurança do evento

Um aspecto que eu acho bem legal da Madonna  é como ela soube estar sempre perto de pessoas muito influentes, e se manteve atualizada, usando sua presença e prestígio para abordar várias questões muito delicadas como a questão da segregação racial, minorias como a comunidade Gay que fez dela sua rainha, e nas questões como a Aids, já em 1986. A Madonna também tinha um olho clínico para tendências futuras, se antecipando e surfando a crista das ondas. A Madonna é uma péssima atriz, mas ela como ídolo pop é genial e isso é um fato incontestável.

O povo criou caso com o enorme cachê que titia cobrou para seu show apoteótico no Rio, mas o fato é que a Madona é uma artista única, que vem dessa dinastia dos mega-astros. Se tem quem pague, né, bem? Só é bom sempre ter em mente que “não existe almoço grátis”.

Cerveja tem grana poque você bebe ela no churrasco que eu sei. E o Banco, nem se fala. O mesmo banco canalha que fechou a minúscula agência lá de Paquetá, que era a única, deixando os moradores da ilha sem ter onde receber suas aposentadorias, por motivo de “enxugamento financeiro” tem dindim pra botar a rainha do pop cantando na praia. Prioridades, sabe como é.

A Madonna tem essa capacidade de mobilizar legiões, e muitos que consideram que os valores desse show, foram afrontosos à realidade brasileira esquecem que para os patrocinadores públicos, como a cidade do Rio e o Estado, essa grana volta em imposto com o aumento do movimento que isso gera na cidade. Todos os hotéis lotados, restaurantes explodindo de ganhar dinheiro, grana que entra. E entra forte. A estimativa é que né achei que para cada real investido volte mais de dez. Então, é negócio.

Mas uma coisa que me incomoda um pouco é ver toda uma mídia bem chapa branca. Uma mídia que parece ter sido sequestrada pelo medo. Hoje, falar qualquer coisa de uma Anitta, uma Lady Gaga ou uma Madonna é jogar pedra numa enorme, colossal caixa de marimbondos barulhentos, chamada fanbase.

Assim, se solidifica o pacto de que não pode criticar, se criticou, é “gado bolsonarista”, “evanjegue”, ou aquelas velhas mal amadas de Copacabana com sua hipotética “torre de viados” que viralizou no zap.

As pessoas ficaram idiotas. Não se pode falar mais nada que tudo ganha um contorno político ideológico, logo se cria uma desculpa de agendas, de conspirações… Há imbecis para todos os lados. Só pode bater palma, pois é mais seguro.

Essa cobertura jornalística aqui do Brasil com todo mundo só vangloriando a Madonna, que claro, já falei e repito, é uma artista importante historicamente para o universo da música pop internacional, totalmente unânime é uma aberração. Até porque teve falhas nesse show e a galera varre para debaixo do tapete.

O atraso

Eu gostei de ver como a rede Globo que cobria o evento começou a se desesperar, porque estava acabando o material para dar antes do inicio do Show e a titia já uma hora atrasada. Mion suando, desesperado, kkkk.
Um show desse porte envolve muita gente, muita coisa e tudo mais, é verdade. Mas UMA HORA de atraso?
Veja atrasar dez quinze minutos beleza, mas uma hora com o grau de profissionalismo que ela sempre demonstrou, é esquisito.

Playback

Show sem músicos sempre deixa uma sensação de malandragem. Soa como as guitarras sem fio que o Paulo Ricardo fingia tocar no Cassino do Chacrinha.

Em muitos momentos da pra ver que ela nem sequer esta cantando e a voz ta saindo.  Então, é tipo ir lá pra ver a Madonna bailarina-atriz, e não a cantora.
Usar só playback eu acho de mau gosto para um show de encerramento de carreira. Transmite uma certa sensação de cansaço, de “vai do jeito que der”.

Tudo bem, ela pode usar bases pré-programadas e botar a viz em cima, até porque muito do que se toca hoje em dia é eletrônico.

“Ah, mas ela tá velha, não aguenta”. Pera aí, pô. Não menospreze a Madonna. A titia guenta sim! A gente não pode usar a idade para defendê-la.  Paul Mccartney consegue, os  Rolling Stones ficaram 3 horas tocando de verdade exatamente ali… Sem dar a malandragem de botar os filhos para ganhar um tempo e já ir empurrando eles (Tática Martinho da Vila de fazer show).

Em shows anteriores a Madonna tinha uma banda tocando com ela. Em 2012 e no show de 1993 eles estavam lá, mas parece que hoje em dia, músicos ficaram obsoletos. O fato é que uma banda ali deixaria o show muito mais quente muito mais vivo. O motivo de não ter músicos é que ela não quer. Acha que não precisa. O povo realmente só quer ver performances teatrais de palco. É um show visual. O mundo mudou ou ela que não segura o rojão? Das duas uma.

Mick Jagger ficou lá 3 horas cantando e se requebrando como uma lagartixa sendo eletrocutada com, sei lá, oitenta anos? Nem sei que idade ele tinha, mas era mais que ela. Então titia aguenta. Entube essa crítica. Madonna fez um Karaokê. O maior do mundo, e devia estar no Guiness Book.

Aquela parada de boneco mascarado foi estranha

Um bagulho que achei HORROROSO foi aquele negócio de tomar uma cervejinha (que depois ela tacou em alguém) para mostrar o produto do patrocinador, ao lado de uma pessoa com uma mascara que de longe parecia até sei lá, uma coisa meio de filme de terror, meu. Eu fiquei vendo aquilo e esperando que fizesse sentido, tipo daqui a pouco alguém vai tirar a mascara e veremos que é um famoso… Mas não era só isso mesmo, Um mascarado ali pra nada, pra segurar a cervejinha que ela fingiu beber possivelmente por contrato.

Curiosidades exclusivas

Foi ponto positivo ter colocado pessoas célebres do brasil que morreram de Aids. Gostei muito desse momento do Show, e pra mim foi um dos pontos altos da apresentação.
Outra novidade é essa parada de trazer umas celebridades locais para o palco com ela. Ela fez isso em outros países também. Aqui foi com Anitta e Pablo Vittar, que realizaram performances alicerçadas na exploração de uma liberdade sexual e coisa e tal que a gente já conhece, e com Pablo Vittar metendo nela a camisa do Brasil, (o que certamente enchei de ódio a ala conservadora do país).
Essas provocações são parte do negócio da Madonna, mas reside aí justamente o que eu considero a pior falha de todas nessa turnê de um suposto encerramento de carreira a lá “morte do Super-Homem” que fez a DC faturar uma nota.

Minha questão é: E daí?

Negão pelado de bunda-lelê fingiu praticar atos libidinosos com ela e Anitta no palco… Noooossa! Que novidade hein? Virou MC Pipokinha agora?
Meu, Madonna ta fazendo essa exploração de teatrinho sexual no palco desde sempre. Já deu. Já ta ficando ridículo.

E esse treco que ela colocou no dente que parece que ta sem dente?

Está ficando ridículo porque ela parece uma caricatura do que já foi. Ela já fez isso, já ousou, já nadou de braçada nessa água. Hoje essa água está cheia de pseudoclones dela, Anitta, Pipokinha, Vittar, L. Sonza, etc. (e isso pra ficar no BR, no exterior então, dá pra encher bacia)

Virou clichê gemer em cama fazendo caras e bocas e mordendo o beicinho. Ninguém liga mais pra isso.  Mas parece que ninguém tem culhão pra dar um toque na titia.

Essas apimentadas são legais com parcimônia, uma coisa aqui, outra ali, dá um brilho na comida, mas se você jogar um garrafão de pimenta no prato todo o sabor do resto acaba sendo obliterado.

Já faz tempo que isso acabou virando uma caricatura. Me espanta é ainda ter trouxa que se horroriza e escandaliza com isso. Eu acho meio bobo, na moral. Olha, não sou nenhum puritano. De sacanagem eu entendendo tanto que quase fui editor duma revista adulta nos anos 90 (sabia dessa? Desisti quando soube que era uma máfia braba que controlava as revistas do plastiquinho vermelho) Então ver 2 girls, 1 cup pra mim, é tipo ver um filme do Batman.

Tudo bem, ela vendeu o negócio dela, que é essa parada de apelação sexual e provocação religiosa como alavanca de midia. Mas já são 4 décadas fazendo isso. Acho que falta uma renovação aí. Polêmica é uma estratégia de marketing que funciona e ela sabe usar isso. Pessoalmente acho o som dela bom demais pra precisar desses artifícios. Claro, tem público que quer isso, é como filme do Nolan. Tem gente que curte ver carro virar robô e tem gente que curte esse teatro de lambeção no palco.
Artisticamente, acho que é um certo comodismo, as pessoas levam o que compraram, é um bom negócio pra ela -mais financeiro que artístico.
Só o fato dela ter tido a coragem de ter lançado Justify My Love numa época totalmente diferente sobretudo para as mulheres que deveriam ser e pensar de um único modo para não desagradar a sociedade, é no mínimo de arrepiar. Mas parece que ficou agarrada nisso aí. Todo show é o mesmo negócio.  Ela sim, se reinventou com o tempo, mas não com a desenvoltura do David Bowie, mas esse negócio sexual aí virou um macete.

Porquê revolucionar na arte é perigoso, é flertar com o desconhecido, com o risco da incompreensão. O negócio chega num patamar em que há tanta grana e vidas envolvidas, que ousar se torna algo indesejável. E isso é a morte da arte. (é o que vem acontecendo com os grandes estúdios de cinema. Não há mais espaço de experimentação, porque há baixa tolerância com os erros, devido ao alto cacife das apostas.)

Mas isso que me leva a refletir se ela – tal qual MJ, não virou refém do próprio personagem. Seja como for, balé e playback, show sem músicos. As pessoas já sabem o que esperar e não têm surpresa, é como comprar um Romero Britto.
Mais do mesmo. Chama de arte quem quer (ou paga, como a Rede Globo).

O set list foi bem abrangente e é um ponto bem positivo do show, com todos os discos sendo bem cobertos, com os maiores sucessos. Foi uma boa escolha. Normalmente, o público fica frustrado se o artista toca um ou dois clássicos e intuba na galera um monte de musica nova.

Achei meio perda de tempo precisos o teatrinho dela tentando entrar na boate em Nova York no início de carreira e um pouco deprimente aquele negócio de dizer que precisou fazer um bolagato no inicio da carreira para crescer na vida. Anos 70 pra 80 isso acontecia (acontece até hoje, né? Vide as famosas festas do [meu advogado mandou tirar o nome do diretor]).

Muita gente percebeu que ela está com um pouco de da dificuldade para dançar.  A Madonna sempre dançou muito, e começou inclusive com uma dançarina profissional mas nesse show ela tava meio durona não sei Parecia que ela não tava muito confortável fisicamente não com as pernas mas principalmente a parte de cima ali o pescoço. Eu não sei se ela teve algum problema de coluna.

Um outro ponto positivo veio em “Express yourself”.  Ali com o violão deu pra ver que ela cantou de verdade. Ela poderia ter feito isso quase no show inteiro né.  Outro ponto alto então foi a versão de Bad Girl que ela fez ao lado da sua filha ali no piano. Bom, não sei até que ponto a a filha realmente tocou. Parecia que tava tocando principalmente ali na introdução.

Outro ponto alto do show foi quando ela juntou Billy Jean com Like a Virgin inclusive apareceu um clone do do Michael Jackson dançando e tudo mais eu sempre achei que Like A Virgin principalmente o começo da música tava um pouco inspirado no MJ.

Das decepções uma que carrego foi La Isla Bonita, que não curti. Uma das melhores musicas, mas ela parecia estar de saco cheio de cantar. Tava dando pra ver isso na cara dela. Cantou muito burocraticamente. Talvez esteja de saco cheio da musica, isso acontece mesmo.

Aquele negócio dessa senhora de quatro no palco com a Pabllo Vittar fingindo dar beijo grego nela achei de um certo mau gosto – e que não agrega NADA para os interesses da comunidade LGBT. Gratuito, não achei nem que estivesse em contexto, foi um negócio apenas pra causar, e não acho que Madonna precisava desses artifícios hoje em dia.

As pessoas foram ao delírio e teve gente dizendo que foi o melhor show de todos os tempos e coisa e tal. O povo se emociona, né?

O que é impossível é negar que ela é exemplo de carreira de sucesso, ela nunca perdeu controle da carreira e nem caiu nas desgraças de drogas e afins num segmento muito tumultuado e competitivo, e isso não é pouco.

Mas é fato que o show dela de 93 foi muito mais emocionante.