Miomas uterinos: especialistas recomendam tratamentos menos invasivos; entenda

Saúde

Os miomas uterinos afetam até 80% das mulheres durante a vida, principalmente na fase reprodutiva, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Eles são nódulos benignos formados por tecido muscular no útero, com causas ainda desconhecidas. A histerectomia, cirurgia de remoção do útero, é uma das formas de tratamento, mas especialistas recomendam alternativas menos invasivas.

Em um artigo publicado no início de novembro no New England Journal of Medicine, pesquisadores da Mayo Clinic, centro médico de renome localizado nos Estados Unidos, defendem que manter o útero e os ovários pode trazer benefícios para o bem-estar e saúde das mulheres com miomas uterinos.

“Tratamentos menos invasivos podem ajudar as mulheres a se recuperarem mais rapidamente e a retomarem suas atividades normais mais rapidamente”, afirma Shannon Laughlin-Tommaso, MD, obstetra-ginecologista da Mayo Clinic e co-autor principal do artigo.

Um estudo recente mostrou que quase 60% das mulheres submetidas à histerectomia por miomas não receberam um tratamento menos invasivo primeiro. O procedimento, mesmo poupando os ovários, aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e maior mortalidade, segundo a especialista. Esses riscos são maiores em pessoas que removem o útero em idade jovem.

“A histerectomia é o único tratamento definitivo, pois os pacientes não terão sangramento ou miomas no futuro. Para pacientes e médicos, isso simplifica a tomada de decisões porque eles não precisam determinar qual tratamento será mais eficaz ou se os sintomas retornarão”, observa Laughlin-Tommaso, em entrevista à CNN.

“A histerectomia também está universalmente disponível nas práticas de obstetrícia e ginecologia, enquanto algumas das alternativas à histerectomia não estão, portanto, o acesso pode ser um problema. Felizmente, a terapia médica está disponível em todo o mundo. A preocupação com a histerectomia, especialmente em uma idade jovem, são os riscos a longo prazo de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e aumento da mortalidade”, acrescenta.

Miomas uterinos são tumores benignos que se formam no útero e podem afetar significativamente a qualidade de vida de pacientes.

Os miomas são formados por tecido muscular e conjuntivo e podem variar de tamanho, sendo desde pequenos nódulos até massas volumosas que podem distorcer e até mesmo aumentar o tamanho do útero.

A origem dos miomas ainda é desconhecida dos médicos, porém seu surgimento pode ter influência genética e estar relacionado ao estímulo hormonal na idade fértil. Os fatores de risco para o desenvolvimento de miomas incluem idade, sendo mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos, histórico familiar, obesidade e fatores hormonais.

De acordo com a Febrasgo, o tratamento do mioma uterino pode variar de acordo com a localização, tamanho e quantidade de miomas. A federação recomenda que a retirada cirúrgica do mioma deva ser indicada apenas quando os tumores tiverem um volume considerável ou se oferecerem risco para mulheres grávidas ou para o bebê no momento do parto.

“Aqueles que não tiveram sucesso com outras terapias de miomas ou sangramento intenso também podem considerar a histerectomia. Para pacientes que desejam preservar a fertilidade, oferecer uma alternativa à histerectomia é extremamente importante”, afirma Laughlin-Tommaso.

Essas alternativas incluem terapias médicas, dispositivos intrauterinos (DIU), ablação por radiofrequência, ablação por ultrassom focalizado e embolização da artéria uterina.

No entanto, é importante que o mioma seja detectado precocemente, já que, nas fases iniciais, ele tende a ser menor e menos extenso. Consequentemente, alternativas que não são cirúrgicas passam a ser mais viáveis no tratamento.

Segundo a Febrasgo, geralmente, os sintomas mais comuns relacionados aos miomas uterinos incluem sangramento intenso e anormal, dor, compressão de órgãos ao redor do útero — como bexiga e intestino –, dificuldade para engravidar e, em alguns casos em gestantes, aborto espontâneo, além de anemia.

“É especialmente importante em mulheres jovens com sangramento menstrual intenso e anemia considerar miomas. Sintomas de volume, como pressão pélvica, frequência urinária, constipação, também podem ocorrer. Quando os miomas aumentam, alguns pacientes podem apresentar um abdômen saliente”, explica Laughlin-Tommaso.

O diagnóstico de miomas uterinos pode ser feito através do ultrassom pélvico. Exames de sangue também podem ajudar a investigar possíveis causas e verificar se há anemia devido aos sangramentos intensos.

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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/