Ter um bebê é energeticamente muito mais caro do que se pensava, de acordo com uma nova pesquisa. Na verdade, a gravidez, criar e carregar um bebê consome 49.753 calorias dietéticas — o equivalente a 164 barras de chocolate Snickers, segundo Dustin Marshall, coautor do estudo publicado em 16 de maio na revista Science.
Para a meta-análise, Marshall, professor de biologia evolutiva na Universidade Monash em Melbourne, Austrália, e uma equipe de pesquisadores usaram dados de milhares de artigos científicos existentes para analisar o custo energético de várias espécies.
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“Embora a maioria das pessoas provavelmente intua, ou tenha realmente experimentado, as altas demandas energéticas decorrentes da gestação de um bebê, nosso trabalho atribui valores explícitos a esses custos em uma ampla gama de espécies — desde insetos até lagartos e humanos”, afirma o autor principal do estudo, Samuel Ginther, pesquisador pós-doutorado em ciências biológicas na Universidade Monash, por email.
“Descobrimos que a energia total necessária para reproduzir é muito mais substancial do que se considerava anteriormente.”
A maior parte da energia adicional que uma pessoa grávida precisa vai para desenvolver e carregar o feto, acrescentou Ginther. “A maior parte da energia que os mamíferos investem na reprodução é ‘dissipada’ como calor metabólico, apenas 10% acaba no próprio bebê”, explica Marshall. “Quando tanto a lactação quanto as cargas metabólicas são contabilizadas, o bebê em si representa menos de 1/20 do investimento reprodutivo total.”
A pesquisa pode fazer uma grande diferença nas percepções sobre as necessidades da gravidez, na opinião de Eve Feinberg, professora associada de obstetrícia e ginecologia na Feinberg School of Medicine da Universidade Northwestern em Chicago. Ela não esteve envolvida na pesquisa. “Acho que este estudo é inovador”, diz a professora. “Qualquer mulher grávida que trabalha poderia dizer o nível de exaustão quando você está grávida … e como isso consome sua vida.”
As necessidades calóricas extras não são iguais ao longo do período da gravidez — você precisa de menos no início e muito mais conforme o tempo passa, diz Marshall.
Quando você chega ao segundo trimestre, precisa de cerca de 350 calorias extras por dia, enquanto no terceiro trimestre, precisa de 450 calorias a mais diariamente, afirma a nutricionista Natalie Mokari de Charlotte, Carolina do Norte.
Se você amamentar após o nascimento do bebê, precisará adicionar 450 a 500 calorias a mais à sua dieta pré-gestacional, ela acrescentou.
Você pode pensar nisso como um lanche substancial adicional ou uma mini refeição ao longo do dia durante o segundo trimestre, orienta Mokari. E no terceiro trimestre e na amamentação, as calorias adicionais equivalem a uma refeição.
“Seu corpo está a todo vapor. Seu metabolismo está trabalhando duro para construir outro ser humano”, afirma. “Isso é bastante monumental.”
Como você deve comer dependerá da sua gravidez, afirma Mokari. Ela recomenda tentar comer a cada três a quatro horas ou adicionar pequenos lanches a cada duas horas ao longo do dia, se isso funcionar melhor para seus sintomas de gravidez.
“Não precisa necessariamente ser três refeições padrão com alguns lanches entre elas, porque às vezes você não consegue lidar com isso na gravidez se tiver náusea ou algo do tipo”, diz Mokari.
Mokari destacou a importância dos carboidratos para a energia, proteínas e gorduras saudáveis — “essas gorduras de alta qualidade que vão promover uma boa saúde cerebral para o bebê.”
O que constitui uma gordura saudável? Peixes gordurosos como salmão, azeite de oliva, abacates, óleo de abacate, manteiga de amendoim e manteiga de amêndoa são todos ótimos exemplos, elenca Mokari.
Leite e laticínios também podem fornecer essa gordura junto com outras vitaminas, e ovos podem ser uma boa fonte tanto de proteína quanto de gordura, ela acrescentou. “Você realmente quer que sua energia venha de alimentos bons e integrais”, acrescentou Feinberg.
Este estudo também sugere que o sono é provavelmente especialmente importante durante a gravidez, comenta Feinberg. “Se você se sentir cansada, vá dormir, e realmente entenda que você não está sendo fraca, que está exausta na gravidez”, orienta.
Infelizmente, pode haver um estigma em torno das pessoas grávidas que têm maiores necessidades de sono, mas as descobertas do estudo devem combater isso, segundo a professora. “Esses dados realmente fornecem números sólidos para afirmar que a exaustão que as mulheres sentem é muito real e provavelmente precisa ser mais levada a sério”, disse Feinberg.
Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.
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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/