Recentemente, dois grupos de trabalho do Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos, um dos mais importantes do congresso americano, realizaram uma audiência conjunta com o título “Fenômenos Anômalos Não Identificados: Expondo a Verdade”.
O termo é uma clara provocação ao relatório da Nasa de setembro de 2023, que apresenta a última posição oficial da agência espacial americana sobre vidas extraterrestres.
Embutido no pacote trilionário assinado pelo presidente Donald Trump em 2020, para aliviar o impacto da Covid-19, havia uma disposição determinando que o Pentágono investigasse os “fenômenos anômalos não identificados” (UAPs).
A expectativa era que a investigação conseguisse esclarecer mais de 120 avistamentos por pilotos militares daquilo que se chamava de objetos voadores não identificados (Ovni).
Em junho de 2022, a Nasa entrou em cena, comissionando uma equipe de estudo para examinar UAPs de uma perspectiva científica e, no dia 14 de setembro de 2023, a agência publicou o seu relatório final.
O chamado Relatório Final da Equipe de Estudo Independente de UAPs, disponível no site da Nasa, tem 36 páginas recheadas de observações estritamente técnicas e científicas
Logo em seu início, a Nasa reconhece que “muitas testemunhas com credibilidade, muitas vezes aviadores militares, relataram ter visto objetos que não reconheceram no espaço aéreo dos Estados Unidos”.
A agência reconhece que, embora grande parte dessas anomalias já tenha sido explicada, “um pequeno punhado não pode ser imediatamente identificado como fenômenos naturais ou produzidos pelo homem”.
Embora o relatório não conclua formalmente pela existência de vida extraterrestre, a Nasa não nega no documento a possibilidade de “potencial tecnologia alienígena desconhecida operando na atmosfera da Terra”.
Confira abaixo algumas das principais conclusões.
Uma das maiores limitações dos pesquisadores da Nasa para a elaboração de seu relatório é a classificação dos vídeos como sigilosos, pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Falando à BBC, a administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da Nasa, Nicola Fox, afirmou: “Os UAPs são um dos maiores mistérios do nosso planeta”.
Sobre as centenas de avistamentos de UAPs registrados, Fox reconheceu que não há dados disponíveis que “possam ser usados para tirar conclusões científicas definitivas sobre a natureza e a origem dos Ovinis”.
Os repórteres questionaram por que a Nasa aceitou realizar um relatório de pesquisa apenas com material não sigiloso, enquanto o Departamento de Defesa, que divulgou em março de 2024 um relatório pífio, continua mantendo todas as imagens e vídeos em segredo.
A resposta de Dan Evans, diretor-assistente da Divisão de Pesquisa em Astrofísica da NASA, foi simplória: “Uma das razões pelas quais restringimos este estudo a dados não confidenciais é para que possamos falar abertamente sobre isso”.
Ao trabalhar com esse viés de seleção, a pesquisa da Nasa omite os casos mais intrigantes (que podem estar nos arquivos confidenciais), torna suas conclusões incompletas e cria um verdadeiro paradoxo metodológico. É como um médico fazer um diagnóstico sensível sem ter acesso aos exames.
Durante a apresentação do Relatório Final da Equipe de Estudo Independente de UAPs, em setembro de 2023, houve até quem perguntasse sobre os supostos cadáveres alienígenas apresentados no Congresso do México.
Em uma resposta que poderia ter dupla interpretação, David Spergel, cientista da Nasa, recomendou às autoridades mexicanas: “Disponibilizem amostras para a comunidade científica mundial e veremos o que há”.
Evans aproveitou a referência para lembrar que o objetivo do trabalho daquela equipe era orientar “conjecturas e conspirações em direção à ciência e à sanidade”, mas reforça que o segredo para isso é o uso de dados.
O painel terminou com uma resposta ao questionamento se a Nasa deveria dedicar mais esforços para encontrar vidas extraterrestres no espaço sideral, em vez de uma mera suposição de que os Ovinis venham do espaço.
O especialista Bill Wilson lembrou que uma coisa não exclui a outra, e que o telescópio Observatório de Mundos Habitáveis (em fase inicial de desenvolvimento) será dedicado especificamente à busca de planetas parecidos com a Terra no espaço.
Sobre os UAPs, “a Nasa não vai enterrar a cabeça na areia”, concluiu.
Seja como for, quando o recém-eleito presidente Trump se sentar em sua mesa no Salão Oval, no próximo dia 20 de janeiro, as evidências sobre UAPs estarão no mesmo lugar que estavam em 2020: nos cofres do Departamento de Defesa.
Astrônomos identificam estrelas que podem abrigar alienígenas
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/