O relatório da Polícia Federal (PF), divulgado nesta terça-feira (26), indica o general da reserva Walter Braga Netto como um dos articuladores do plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
De acordo com o relatório, Braga Netto teria utilizado o “modo de agir” da milícia digital e instruído o major reformado do Exército, Ailton Barros, a direcionar “ataques pessoais” aos comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Júnior, por terem se oposto a colaborar com o golpe de Estado.
À época, ambos os comandantes se recusaram a participar do plano. Em depoimento à PF, Baptista Júnior afirmou que Freire Gomes teria afirmado que prenderia Bolsonaro caso o então presidente decretasse uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para se manter na presidência.
O general também orientou Barros a elogiar o então comandante da Marinha, o Almirante de Esquadra Almir Garnier, um dos signatários da nota em defesa dos acampamentos em frente a quartéis do Exército depois da derrota de Bolsonaro nas eleições.
“[…] Conforme amplamente detalhado e demonstrado nos autos, o general Braga Netto determinou e orientou militares que promovessem e difundissem ataques pessoais ao general Freire Gomes e ao tenente-brigadeiro Baptista Júnior, inclusive, aos familiares destes, em razão de serem ‘traidores da pátria’. Por outro lado, com relação ao almirante Almir Garnier, a orientação era de difundir elogios. Há registros de o então comandante da Marinha ser reconhecido como ‘patriota’”, diz o documento.
Além das determinações feitas a militares, Braga Netto também era o responsável por receber o planejamento operacional para ações das Forças Especiais para realizar o golpe.
A investigação da PF também revelou que o plano de golpe também pretendia criar um “Gabinete de Gestão de Crise”, que seria comandado por Braga Netto, como coordenador-geral, e pelo então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno, que seria o chefe de gabinete.
Segundo o relatório, o objetivo do grupo era “assessorar” Bolsonaro na administração do país depois do golpe se concretizar.
O documento também traz algumas pontos sinalizados em depoimento pelo tenente-coronel Mauro Cid, à época, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid firmou um acordo de delação premiada para colaborar com a investigação. De acordo com o tenente-coronel, um dos encontros para tratar do golpe foi realizado na residência de Braga Netto, em 12 de novembro de 2022.
O relatório indica Braga Netto como “figura central” dos atos que planejavam realizar uma intervenção federal no país. Diz ainda que o general da reserva tinha “clara intenção golpista”.
O general da reserva foi escolhido para ser vice-presidente na candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição em 2022. Antes de entrar na disputa, foi ministro-chefe da Casa Civil e ministro da Defesa do governo Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta terça-feira (26), a quebra de sigilo do inquérito que investiga um plano golpista para manter Bolsonaro na presidência.
Segundo as investigações da PF, o plano elaborado por aliados de Jair Bolsonaro tinha como objetivo matar Moraes, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/