A maior parte da população mundial é destra. Esse percentual pode variar de acordo com a região, mas aproximadamente 90% das pessoas usam a mão direita para escrever e realizar a maioria das tarefas que exigem coordenação motora. Ou seja, apenas 10% são canhotos. Mas por que isso acontece?
Por muito tempo, acreditava-se que os canhotos representavam uma parte negativa da sociedade. No passado, havia um forte preconceito contra eles, principalmente por serem associados a forças malignas, má sorte e outras superstições.
Não é por acaso que os canhotos foram perseguidos por muitos anos.
Ainda hoje, existem culturas que consideram a mão esquerda impura. Por exemplo, em algumas regiões do Oriente, ela é considerada suja por ser utilizada para a higiene pessoal.
Essas superstições não são reais, mas apenas equívocos do passado.
Hoje em dia, a visão sobre os canhotos mudou ligeiramente, e muitos os consideram mais inteligentes devido ao diferencial — algo que também não é verdade.
Estudos científicos não encontraram evidências definitivas de que os canhotos sejam mais inteligentes, mas indicam que alguns deles podem ter certas vantagens cognitivas em áreas específicas.
Além disso, é um mito acreditar que os destros utilizam apenas um hemisfério do cérebro. Na verdade, todos os seres humanos são semelhantes e usam ambos os hemisférios para várias atividades.
Pesquisadores indicam que 95% dos destros utilizam o hemisfério esquerdo para funções de linguagem.
Então, supôs-se que o oposto ocorreria com os canhotos, mas isso não é verdade. Cerca de 70% deles também usam o hemisfério esquerdo para essas funções.
O hemisfério esquerdo do cérebro controla o lado direito do corpo, enquanto o hemisfério direito controla o lado esquerdo.
A metade esquerda tem mais relação com a linguagem, já a parte direita contribui mais com informações visuais e espaciais. Contudo, ambos trabalham em conjunto para muitas funções.
Em um artigo publicado no site The Conversation, a neurocientista Emma Karlsson, da Universidade de Bangor, no Reino Unido, explica que existem diferenças de lateralidade que podem distinguir algumas características entre destros e canhotos, mas que isso pode variar entre diferentes grupos analisados.
Para Karlsson, é essencial que a ciência continue estudando pessoas canhotas a fim de entender por que são uma minoria e quais são as verdadeiras diferenças em seus cérebros.
Em poucas palavras, ainda não se sabe por que a maior parte da humanidade é destra, nem o que determina isso.
De acordo com os dados mais atuais, não há explicações claras sobre por que o uso da mão direita é muito mais comum, tanto do ponto de vista social quanto científico.
Mesmo assim, os cientistas têm algumas hipóteses interessantes sobre o porquê disso.
A primeira possibilidade envolve fatores genéticos, mas, até agora, não foram encontradas evidências que comprovem essa teoria.
A segunda hipótese sugere uma vantagem adaptativa. Os pesquisadores Ildefonso Alonso Tinoco, A. Victoria de Andrés Fernández e Paul Palmqvist Barrena, da Universidade de Málaga, na Espanha, indicam que canhotos têm uma menor probabilidade de sobreviver até a velhice, e essa característica é mais comum entre homens.
Isso poderia ocorrer porque os humanos primitivos buscavam proteger o coração, localizado no lado esquerdo do corpo.
Ou seja, a dominância destra talvez tenha surgido como uma adaptação para aumentar as chances de sobrevivência da espécie.
“As mãos impressas com técnicas semelhantes nas cavernas espanholas, francesas e italianas refletem uma condição semelhante nas populações europeias mais antigas: o caso das 57 mãos esquerdas impressas da caverna Maltravieso em Cáceres (talvez dos Neandertais devido à sua cronologia, estimada em mais de 64 mil anos) ou as 275 da caverna Castillo em Santander, a maioria mulheres”, os pesquisadores descrevem em uma publicação no The Conversation.
Por fim, não há nenhuma comprovação ou evidência científica para essas teorias, e os pesquisadores ainda não sabem por que a maioria das pessoas é destra enquanto poucas são canhotas.
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/