Já ouviu falar que rir é o melhor remédio? O chavão pode parecer muito otimista, mas a ciência já mostrou que a risada é realmente benéfica para a saúde mental e bem-estar. Não à toa, nesta quarta-feira (6) é celebrado o Dia Nacional do Riso para nos lembrar que sorrir e rir fazem bem.
“O riso tem efeitos positivos significativos no organismo. Pode aumentar a circulação sanguínea, melhorar a oxigenação dos tecidos e relaxar os músculos. Estudos mostram que o riso reduz a produção de hormônios do estresse, como o cortisol, e aumenta a produção de endorfinas, promovendo uma sensação de bem-estar”, afirma Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista, professor livre docente da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o neurocientista, o riso é uma resposta complexa que envolve várias regiões do cérebro, incluindo o sistema límbico, que está relacionado às emoções, e o córtex pré-frontal, que lida com o raciocínio e a tomada de decisões.
“Quando encontramos algo engraçado, o cérebro libera neurotransmissores como a dopamina e a endorfina, que geram sentimentos de prazer e recompensa”, afirma Gomes. “Além disso, o riso pode ser desencadeado por estímulos sociais ou contextos, o que implica uma interação entre a nossa psique, o ambiente e a experiência emocional”, acrescenta.
Além disso, o riso também reduz os níveis de cortisol e adrenalina, os hormônios do estresse, e assim ajuda a baixar a tensão, além de promover uma sensação de relaxamento. “Ao trazer esse efeito calmante para o corpo, o riso e o humor são ferramentas naturais para reduzir o impacto negativo do estresse e contribuir para uma vida mais equilibrada”, afirma a psicóloga Tatiane Mosso.
A seguir, veja 5 benefícios da risada para a saúde.
Um estudo realizado pela Universidade de Maryland e publicado na Science Daily mostrou que o riso é bom para o coração, podendo prevenir doenças cardíacas. Segundo o trabalho, pessoas com condições no coração tinham 40% menos probabilidade de rir em diversas situações, em comparação com pessoas da mesma idade saudáveis.
Outra pesquisa, realizada por pesquisadores japoneses, analisou dados de 20.934 indivíduos com 65 anos ou mais, que forneceram informações sobre frequência diária de risos, índice de massa corporal (IMC), fatores demográficos e estilo de vida, além de diagnósticos de doenças cardiovasculares, depressão e hiperlipidemia.
Segundo os pesquisadores, a frequência diária de riso está associada a uma menor prevalência de doenças cardiovasculares, mesmo após ajustar fatores de risco como a hiperlipidemia, hipertensão, depressão, índice de massa corporal.
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Oxford mostrou que a risada libera endorfinas protetoras, ajudando a controlar a dor e promover sentimento de bem-estar. O estudo sugere que apenas 15 minutos de momentos bem-humorados e de comédia com outras pessoas aumentam o limiar da dor em uma média de 10%.
“No geral, o riso pode funcionar como um antídoto para a dor e promover uma sensação de relaxamento, contribuindo positivamente para a saúde mental e emocional”, comenta Gomes.
De acordo com o neurocientista, o riso atua como um importante facilitador social, ajudando a fortalecer laços entre indivíduos.
“Quando rimos juntos, liberamos hormônios que aumentam a sensação de conexão e empatia”, afirma Gomes. “Estudos indicam que o riso cria um ambiente mais confortável e cooperativo, onde as pessoas se sentem mais à vontade para interagir”, acrescenta.
Além disso, o riso pode atuar como um sinal de que as pessoas estão vivendo um momento positivo juntas, fomentando relacionamentos interpessoais mais profundos, de acordo com o especialista.
A risada também pode ajudar a combater os sintomas da depressão e da ansiedade. Uma revisão sistemática reuniu e resumiu descobertas de estudos que examinavam o impacto da terapia de humor (como palhaços médicos e terapia do riso/ioga) em pessoas com depressão ou ansiedade.
A revisão mostrou que a terapia do riso pode ser uma alternativa complementar simples e viável no tratamento dessas condições.
“O riso tem mostrado potencial para combater sintomas de depressão e ansiedade. Ele pode atuar como um mecanismo de enfrentamento que ajuda a melhorar a resiliência emocional”, explica Gomes. “A liberação de endorfinas e a diminuição do cortisol, que ocorre durante e após o riso, podem ajudar a aliviar os sintomas de transtornos de humor. Além disso, o ato de rir frequentemente envolve a socialização, que em si é um fator de proteção contra a solidão e a depressão.”
Segundo artigo publicado pela Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos, pensamentos positivos e a risada podem liberar neuropeptídeos que ajudam a combater o estresse e melhorar o sistema imunológico.
“Estudos têm demonstrado que o riso pode aumentar a produção de anticorpos e células imunológicas, fortalecendo a resposta imunológica do corpo. Além disso, a redução do estresse e a produção de hormônios do bem-estar podem levar a melhorias em diversas funções corporais, como na saúde cardiovascular e na regeneração celular, contribuindo significativamente para um estado geral de saúde positivo”, explica Gomes.
“Essas descobertas reforçam que o humor e o riso são aliados importantes para uma vida mais feliz e saudável. Além disso, incorporar o humor e buscar momentos de leveza e riso em nossa rotina não só melhora nossa saúde mental, como enriquece nossas relações e ajuda a enfrentar desafios. Rir, no fim, é uma forma de autocuidado e um meio natural de aliviar as tensões da vida moderna”, completa Mosso.
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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/