Com a chegada do Rock in Rio 2024, que terá início nesta sexta-feira (13), alguns cuidados com a saúde merecem um alerta extra. Além da hidratação, especialmente com a baixa umidade do ar e as temperaturas elevadas, também é necessário buscar alternativas para curtir o festival sem causar danos ao sistema auditivo.
À CNN, a médica otorrinolaringologista Nathália Prudencio, especialista em tontura e zumbido, explica que, sons altos prejudicam o ouvido a depender do tempo e da intensidade de exposição, podendo lesionar, principalmente, células que estão dentro da cóclea, ou seja, a estrutura no ouvido responsável por receber o estímulo sonoro.
“Estou falando nesse momento das células ciliadas externas, que são células que podem sim ser lesionadas por agressão com barulho e essa lesão pode ser temporárias, voltando a funcionar normalmente. No entanto, a lesão também pode ser permanente, não se regenerando mais”, conta.
Nathália também acrescenta que sintomas auditivos são comuns após situações em que há exposições muito intensas ao barulho – como em shows e festas. “O mais popular é o zumbido, sentido logo ao sair daquele ambiente. Há ainda a sensação de ouvido tapado e abafado”, acrescenta.
Segundo a especialista, para prevenir danos à audição, a OMS (Organização Mundial da Saúde), recomenda evitar ruídos acima de 85 decibéis, embora esse limite possa ser menor para pessoas com algum tipo de sensibilidade ou problema auditivo.
Estimativas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologista e Cirurgia Cérvico Facial apontam que o barulho em shows e festivais pode chegar aos 120 decibéis, principalmente para quem está próximo das caixas de som – o que se aproxima a um nível de ruído semelhante ao de uma turbina de avião.
“O limite de exposição considerado seguro para sons de 85 decibéis é de 8 horas diárias. Para sons de 110 decibéis, a orientação é não ultrapassar 30 minutos e, para sons de 120 decibéis, apenas 15 minutos”, indica.
É necessário evitar a proximidade diante das fontes sonoras de alta intensidade – como caixas de sol – por longos períodos e sem pausa. “Ainda que a vontade de ver a sua banda ou cantor favorito seja grade, essa exposição pode danificar as células ciliadas”, explica Nathália.
Para aqueles que não abrem mão de um lugar na grade, a dica é usar um protetor auricular. “O mercado oferece diversos produtos, inclusive opções projetadas para eventos, como plugs com filtros que preservam a qualidade do som, mesmo com a proteção”, explica. “Pessoas que utilizam aparelhos para perda auditiva ou zumbido, porém, devem ajustá-los ou até retirá-los a fim de evitar a piora do quadro”, alerta.
“Ao longo do evento, é recomendável fazer pausas em ambientes silenciosos, preferencialmente a cada hora, no máximo, para permitir que as estruturas do seu ouvido se recuperem adequadamente”, cita.
“Caso note alguma alteração auditiva incomum durante o festival, é extremamente recomendável se afastar do som alto. Esses sintomas indicam que o seu sistema auditivo sofreu lesões importantes e manter-se exposto a sons de alta intensidade pode agravar o quadro”, pontua.
A médica ainda finaliza explicando que, ao notar qualquer tipo dos incômodos citados acima, é importante manter-se alerta.
“Caso os sintomas persistam por mais de um dia, o ideal é procurar um otorrinolaringologista para avaliar a sua audição. Uma vez constatada a perda auditiva, uma estratégia de tratamento será montada para prevenir a piora do quadro e garantir a melhor adequação possível do paciente à condição”, conclui.
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[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/