Prepotente, arrogante, franco, transparente, genioso, sincero, autêntico. Todos esses adjetivos se aplicam à personalidade de Romário, que foi um dos maiores atacantes do futebol em todos os tempos. Mas, para definir seu caráter, existe uma palavra que parece ter sido feita exclusivamente para ele: “marrento”. É essa mesma marra que, contraditoriamente, o transformou no ídolo que é. E isso está provado na série documental Romário – o Cara, que chega nesta quinta-feira (23) ao streaming Max.
A produção reúne dezenas de depoimentos e, embora sejam muitos, praticamente todos têm algo a acrescentar e raramente soam redundantes. Entre eles, estão ex-jogadores que atuaram com Romário nas divisões de base e, claro, ex-companheiros de Seleção no tetra conquistado nos EUA em 1994. Tem também o técnico Carlos Alberto Parreira, que chegou a ser um desafeto do craque na campanha daquela Copa vitoriosa.
Rebelde
Mas as melhores entrevistas são mesmo das personalidades estrangeiras, que revelam as histórias menos conhecidas pelos brasileiros. Um deles é Kees Ploegsma, dirigente do PSV na época em que Romário brihou naquele clube holandês. Numa entrevista antiga, Ploegsma é questionado por uma jornalista: “Romário é um rebelde?”. “Sim, felizmente”, responde. Supresa, a repórter pergunta “Por que o senhor diz ‘felizmente’?”. “É que os rebeldes sempre são os melhores”.
Indisciplinado, Romário assume que nunca gostou de treinar, muito menos de correr – e ainda assim, era um craque. Às vezes, chegava atrasado para a concentração ou prorrogava suas férias no Brasil, mesmo sem autorização do clube. Mas, quando chegava na Holanda, não sofria represália. O próprio Ploegsma lhe concedia privilégios, como vemos no documentário.
Mas chegou uma hora que não deu mais e os jogadores holandeses reagiram, como vemos numa antiga entrevista de Erwin Koeman, que era capitão do PSV. Questionado sobre o profissionalismo de Romário, ele apenas ri e diz: “Você chama isso profissional?”.
Mas tanto os companheiros de campo como os técnicos e dirigentes são unânimes: dizem que a falta de disciplina e de dedicação de Romário nos treinos era compensada por seu desempenho excepcional em campo. É como o próprio Baixinho diz: “Eu não entrava pra jogar bem. Não entrava pra dar ‘lençol’, pra dar ‘caneta’ nem pra fazer p… nenhuma. Eu entrava pra fazer gol!”. Ou, como diz Pep Guardiola, hoje o melhor técnico do mundo e um dos maiores da história: “Quando queria, ele ganhava o jogo”, resume bem, sem firulas. Romário – o Cara. Dois episódios de um total de seis já disponíveis no streaming Max. Novos episódios estreiam às quintas-feiras.
[*] – Fonte: https://www.correio24horas.com.br/