Não é incomum que algumas pessoas engatem um novo relacionamento logo após o término. Tal comportamento ficou conhecido nas redes sociais como Síndrome do Tarzan — termo que faz alusão ao personagem, que busca segurar um cipó, antes mesmo de soltar o outro em que seu pé está agarrado.
À CNN, a psicóloga especializada em saúde mental Bruna Nubile explicou o fenômeno. “Os motivos que levam uma pessoa a buscar sucessivos relacionamentos estão profundamente entrelaçados com o contexto social, histórico, cultural e político em que vivemos”.
“Essa busca constante reflete uma tentativa de encontrar amparo, pertencimento e reconhecimento em um cenário que, paradoxalmente, não oferece um ecossistema relacional capaz de sustentar esses vínculos de forma satisfatória”, continua.
Como consequência, as pessoas que se encaixam na Síndrome do Tarzan revivem repetidamente ciclos de idealização e busca por segurança, seguidos por frustração e desilusão. “A ausência de um ambiente relacional de qualidade impede a construção de relações que atendam às necessidades emocionais mais profundas”.
Para a psicóloga Cláudia Melo, a criação dos indivíduos também influencia na forma como eles enxergam os relacionamentos. “Algumas pessoas podem ter aprendido que estar em um relacionamento é essencial para a sua felicidade, criando um ciclo vicioso de busca constante por novas conexões”, afirma à CNN.
“Além disso, o contexto social contemporâneo não prepara as pessoas para lidar com frustrações, desidealizações, nuances e contradições que fazem parte de qualquer relacionamento. Muitas vezes, as redes sociais e os relacionamentos mediados por tecnologias online só reforçam essa dinâmica de desapontamento”, aponta Bruna.
Na visão de Cláudia, existem várias razões que levam uma pessoa a migrar de um relacionamento para outro. “Muitas pessoas têm dificuldade em ficar sozinhas e buscam um novo parceiro para preencher um vazio emocional, o que pode ser um sinal de dependência emocional, situação em que a pessoa sente que precisa do outro para se sentir bem”.
Ainda de acordo com a especialista, a insegurança é outro gatilho para o comportamento, visto que a busca constante pela validação de outros, faz com que, durante um término, o indivíduo veja um novo relacionamento como uma forma de reafirmar seu valor e atratividade.
“O medo de ficar sozinho pode levar a decisões impulsivas como entrar em um novo relacionamento antes de processar o término anterior”, explica Cláudia.
Tanto para Bruna Nubile, quanto para Cláudia Melo, esse comportamento cria relações cada vez mais superficiais, além de impedir a pessoa de processar o término e aprender com suas experiências passadas.
“A rapidez nas trocas pode gerar estresse emocional e ansiedade, contribuindo para problemas de saúde mental. Romper esse ciclo pode ser desafiador por várias razões. Muitas pessoas não reconhecem que estão em um ciclo vicioso, o que torna difícil buscar a mudança, que pode ser assustadora”, explica Cláudia.
Uma das saídas recomendadas para deixar de pular de “cipó em cipó”, é investir em um tempo de autocuidado. “Investir tempo em si mesmo e refletir sobre experiências passadas pode ajudar a entender melhor as próprias necessidades e comportamentos”, garante Melo.
“A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para trabalhar questões de dependência emocional, insegurança e padrões de relacionamento. Focar em hobbies, amizades e interesses pessoais pode ajudar a construir uma identidade fora dos relacionamentos românticos”, complementa.
A especialista ainda reforça a necessidade de viver a dor da perda e passar pelo processo de luto após o final de um relacionamento é algo saudável e crucial para o crescimento emocional.
Quais os efeitos da traição para a saúde mental?
[*] – Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/